segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O que é libertarianismo de esquerda?

Por Alex Strekal

Num sentido, libertarianismo de esquerda é uma revisão histórica que identifica uma tradição de associação entre libertarianismo e o que pode ser considerado a extremidade de "esquerda" do espectro político. O termo libertarianismo de esquerda não utiliza o termo "esquerda" no contexto da política mainstream, mas no contexto histórico dos libertários clássicos e do anarquismo, isto é, é uma referência para a tendência de oposição à autoridade. Poderia ser dito que libertarianismo de esquerda é, portanto, uma redundância. Mas a utilidade do termo é como uma reivindicação de alinhamento político em face da distorção que tem ocorrido ao longo dos anos em períodos de como o espectro político é visto.

Particularmente nos Estados Unidos, libertarianismo foi amplamente associado com "a esquerda" até por volta da época de Franklin D. Roosevelt, no qual momento um fusionismo conservador-libertário realizou-se como um movimento de oposição ao New Deal. Desde então, libertários tem geralmente assumido a eles próprios a estar em aliança com a direita política ou uma parte delas mesmas. A direita política tem prosseguido para parcialmente cooptar retórica libertária como um meio para obter e expandir seu poder, e purgar e ignorar os libertários quando é mais relevante. Por sua vez, alguns libertários tem se tornado mais conservadores em seus pontos de vista. Libertarianismo de esquerda representa um movimento distante dessa tendência, uma clara distinção sendo feita entre libertarianismo e conservadorismo se indentificando mais com tendências socialistas libertárias ou com o coletivismo anarquista, com o diagnóstico de que o conservadorismo está mais interessado em manter interesses plutocráticos e comunitarismo tradicionalista do que preservar ou expandir a liberdade individual frequentemente atacando liberdades e conquistas de minorias oprimidas. 

Isso não quer dizer que o que é considerado a esquerda política contemporânea seja para algo para se apoiar, esquerda esta quando falamos de partidos constitucionalizados, por qualquer meio. Uma análise libertária de esquerda da esquerda política contemporânea revela que seus métodos a serem, em grande parte, de orientação centro-direita, que é alegar que eles apoiam meios autoritários na busca de metas que podem muito bem ser louváveis. Parte do ponto de reconciliação do libertário de esquerda é fazer a esquerda contemporânea se afastar de tais tendências autoritárias e apoiar meios voluntários, cooperativos e revolucionários em direção a perseguir tais metas. Antes do surgimento do socialismo de estado, a esquerda estava muito mais alinhada com o libertarianismo. Infelizmente, a antiga esquerda libertária foi quase obliterada pela virada autoritária de que o movimento socialista teve em direção ao fim do século 19. Desde então, as metas do socialismo, que esteve muito mais em conjunto com meios libertário, tem se tornado largamente associado com autoritarismo.

A divisão entre socialismo autoritário e anarquismo social é bem ilustrada pelos desentendimentos que aconteceram entre Marx e juntamente Bakunin e Proudhon, com Marx sendo representante do autoritarismo e Bakunin e Proudhon sendo representantes do anarquismo e socialismo libertário. Ao passo que muitos libertários contemporâneos podem ser tentados a atuar como se socialismo fosse sinônimo com autoritarismo, o fato da questão é socialismo foi um movimento bastante libertário em suas origens, ou que, pelo menos, tinha tanto uma corrente autoritária quanto libertária. Ademais, as ideias dos primeiros socialistas anarquistas tal como Proudhon não foram, a princípio, contrárias à ideia de mercados livres. Por isso, existe uma reconciliação de que pode ser feita entre certas demandas ou metas que podem ser consideradas "socialistas" e o contexto de liberdade individual.

A tradição do anarquismo individualista americano é também instrutivo a este respeito, pois aqui temos um grupo de pessoas que estenderam sobre o quadro de que Proudhon forneceu em uma direção ainda mais individualista. Temos figuras tais como Benjamin Tucker para observar como uma espécie de cruzamento entre libertarianismo de livre mercado contemporâneo e a esquerda tradicional. Alguém pode ver uma clara progressão filosófica realizando sobre reflexo da questão. Libertarianismo de esquerda é um consciência dessa rica história, de que o libertarianismo não começa na década de 1930 e que não é algum tipo de movimento conservador ou liberal leve em que nós colocamos todos as metas libertárias ao lado até os comunistas serem liquidados. Libertarianismo de esquerda não é um desvio, é a correção de um desvio e não seria tão necessário se tal desvio não ocorresse para começar.

Libertarianismo de esquerda não é apenas uma perspectiva histórica, de qualquer maneira. É uma síntese entre certas metas que podem ser associadas com "a esquerda" e ideias libertárias, envolve formas de utilizar ideias libertárias para obter conclusões que podem ser "esquerdistas". Em particular, libertarianismo de esquerda envolve uma tendência para utilizar economia de livre mercado para demonstrar como a intervenção do estado afeta negativamente interesses que podem ser de preocupações "da esquerda", por demonstrar como o estado prejudica trabalhadores, reduz padrões de vida, causa aumento de preços, permite dano ambiental, concentra poder privado e apoia monopólios. Libertarianismo de esquerda pode ser usado para demonstrar como o provável resultado de uma economia genuinamente livre é comparativamente igualitária em face das estruturas econômicas existentes atualmente, e como é possível para negócios tais como sindicatos e cooperativas voluntárias para existir num mercado genuinamente livre.

Libertarianismo de esquerda observa que muitas vezes o que é celebrado como "capitalismo" (mesmo por alguns "libertários") é mais como uma plutocracia ou uma sociedade neo-mercantil, e que muitas elites privadas crucialmente confia o poder estatal para sustentar seu próprio poder. Libertarianismo de esquerda reflete uma tendência a ser crítica tanto do poder do estado quanto do corporativo, e uma aguçada consciência do nível ao qual os dois são sinérgicos. A função da liberdade não é para privatizar poder mas para apoiar uma rejeição coerente de autoridade arbitrária, e enquanto o estado é certamente a instituição mais fundamental de autoridade arbitrária, não é necessariamente a única. Por isso, interesses adicionais sobre relações de poder entre vários grupos dentro da sociedade não são necessariamente irrelevante, é somente que deve-se compreender o papel que o estado em atuar em tais relações de poder e a forma em que tais relações de poder verdadeiramente funciona no geral. Em qualquer caso, libertarianismo de esquerda é "denso" neste sentido, como existe mais do que anti-estatismo.

A favor por mais tomada de decisão participativa ou ação direta como um método por trazer seus objetivos é também um aspecto do libertarianismo de esquerda, melhor refletida pela teoria do agorismo. Um ponto central é que a organização deve ser a partir de baixo pra cima e que ativismo é uma questão de diretamente tornar uma mudança num nível pessoal ou numa pequena escala ao invés de participar no sistema ilusório e falido da democracia representativa ou permanecendo em um estado de dependência em estruturas dominantes atuais. Isso pode ser visto como envolver um princípio de responsabilidade pessoal e uma consciência da necessidade por mecanismos competitivos afim de se opor às estruturas de poder atualmente. Por isso, a tendência geral é no sentido de uma rejeição de reformismo e partidos políticos.

Libertarianismo de esquerda também funciona como um aliança ou guarda chuva em que uma multitude de várias escolas orientadas libertárias de pensamento coexistam e, portanto, pode ser vista como uma manifestação de anarquismo sem adjetivos. Em particular, mutualistas e rothbardianos de esquerda (aqueles que extraem influência dos anos mais "esquerdistas" de Rothbard e não de sei anacaps desenfreado) representam um bom meio termo que possa unir pessoas associadas tanto com libertarianismo de livre mercado e anarquismo social. Não há razão para haver um muro total entre os dois mundos e como diferenças semânticas são eliminadas, um grau de compatibilidade se torna evidente.

Embora muito mais poderia ser dito, eu penso que isso sumariza o libertarianismo de esquerda bem o suficiente.


Traduzido por Rodrigo Viana. Para ler o texto original Clique aqui

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