Provavelmente, o argumento mais popular contra a anarquia libertária foi aquele apresentado por Ayn Rand. Suponha que eu creia que você violou meus direitos. Você nega. Eu então decido acionar minha cooperativa de proteção privada para fazer valer meus direitos. Você, para se defender, aciona a sua agência de proteção privada. O que ocorrerá? As duas irão entrar em guerra? Quem garante que não?
A resposta, obviamente, é que ninguém pode garantir que elas não irão guerrear entre si. Seres humanos possuem livre arbítrio. Eles podem fazer todos os tipos de maluquices. Eles podem iniciar guerras sem motivo aparente. O presidente americano, por exemplo, pode apertar o botão nuclear amanhã se ele quiser.
A questão é: o que é mais provável? Qual dos dois é mais propenso a resolver suas pendengas por meio da violência: governos ou agências de proteção privadas?
A diferença mais óbvia é que agências de proteção privada têm de arcar com todos os custos de sua eventual decisão de fazer uma guerra. Fazer guerra é algo extremamente caro. É péssimo para os lucros. Suponha que você pode escolher entre duas agências de proteção, uma que tende a resolver suas contendas por meio da violência e outra que tende a resolver suas contendas por meio do arbitramento. Se você for um indivíduo belicista, fanático por guerras, você pode até achar legal optar pela agência violenta — até o momento em que você receber sua fatura mensal.
Ainda assim, por mais que você realmente seja um sujeito tão fanático por guerra a ponto de continuar disposto a pagar valores exorbitantes, é certo que a imensa maioria dos outros clientes irá preferir agências que não cobrem toda esta quantia extra apenas para brincar de guerra.
Por outro lado, tal opção nem sequer existe quando se trata de governo. Para começar, um governo possui clientes cativos, que não podem optar por não pagar, estejam eles de acordo ou não com a violência do governo. Ademais, dado que o governo tributa seus clientes, e dado que seus clientes não podem se recusar a repassar o dinheiro, os governos não apenas não precisam se preocupar com custos, como eles também podem simplesmente externalizar os custos de suas guerras de uma maneira extremamente eficaz: mandando a conta para seus cidadãos pagadores de impostos. Tal eficácia nenhuma agência privada jamais sonharia ser capaz de conseguir.
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