Por Alex Strekal
Num sentido, libertarianismo de esquerda é uma revisão histórica
que identifica uma tradição de associação entre libertarianismo e o que pode
ser considerado a extremidade de "esquerda" do espectro político. O
termo libertarianismo de esquerda não utiliza o termo "esquerda" no
contexto da política mainstream, mas no contexto histórico dos libertários clássicos e do anarquismo, isto é, é uma referência para a tendência de
oposição à autoridade. Poderia ser dito que libertarianismo de esquerda é,
portanto, uma redundância. Mas a utilidade do termo é como uma reivindicação de
alinhamento político em face da distorção que tem ocorrido ao longo dos anos em
períodos de como o espectro político é visto.
Particularmente nos Estados Unidos, libertarianismo foi
amplamente associado com "a esquerda" até por volta da época de Franklin D. Roosevelt, no qual momento um fusionismo
conservador-libertário realizou-se como um movimento de oposição ao New Deal.
Desde então, libertários tem geralmente assumido a eles próprios a estar em
aliança com a direita política ou uma parte delas mesmas. A direita política
tem prosseguido para parcialmente cooptar retórica libertária como um meio para
obter e expandir seu poder, e purgar e ignorar os libertários quando é mais
relevante. Por sua vez, alguns libertários tem se tornado mais conservadores em
seus pontos de vista. Libertarianismo de esquerda representa um movimento
distante dessa tendência, uma clara distinção sendo feita entre libertarianismo
e conservadorismo se indentificando mais com tendências socialistas libertárias ou com o coletivismo anarquista, com o diagnóstico de que o conservadorismo está mais
interessado em manter interesses plutocráticos e comunitarismo tradicionalista
do que preservar ou expandir a liberdade individual frequentemente atacando liberdades e conquistas de minorias oprimidas.
Isso não quer dizer que o que é considerado a
esquerda política contemporânea seja para algo para se apoiar, esquerda esta quando falamos de partidos constitucionalizados, por qualquer
meio. Uma análise libertária de esquerda da esquerda política contemporânea
revela que seus métodos a serem, em grande parte, de orientação centro-direita,
que é alegar que eles apoiam meios autoritários na busca de metas que podem
muito bem ser louváveis. Parte do ponto de reconciliação do libertário de
esquerda é fazer a esquerda contemporânea se afastar de tais tendências
autoritárias e apoiar meios voluntários, cooperativos e revolucionários em direção a perseguir
tais metas. Antes do surgimento do socialismo de estado, a esquerda estava
muito mais alinhada com o libertarianismo. Infelizmente, a antiga esquerda
libertária foi quase obliterada pela virada autoritária de que o movimento
socialista teve em direção ao fim do século 19. Desde então, as metas do
socialismo, que esteve muito mais em conjunto com meios libertário, tem se
tornado largamente associado com autoritarismo.
A divisão entre socialismo autoritário e
anarquismo social é bem ilustrada pelos desentendimentos que aconteceram entre
Marx e juntamente Bakunin e Proudhon, com Marx sendo representante do
autoritarismo e Bakunin e Proudhon sendo representantes do anarquismo e
socialismo libertário. Ao passo que muitos libertários contemporâneos podem ser
tentados a atuar como se socialismo fosse sinônimo com autoritarismo, o fato da
questão é socialismo foi um movimento bastante libertário em suas origens, ou
que, pelo menos, tinha tanto uma corrente autoritária quanto libertária.
Ademais, as ideias dos primeiros socialistas anarquistas tal como Proudhon não
foram, a princípio, contrárias à ideia de mercados livres. Por isso, existe uma
reconciliação de que pode ser feita entre certas demandas ou metas que podem
ser consideradas "socialistas" e o contexto de liberdade individual.
A tradição do anarquismo individualista
americano é também instrutivo a este respeito, pois aqui temos um grupo de
pessoas que estenderam sobre o quadro de que Proudhon forneceu em uma direção
ainda mais individualista. Temos figuras tais como Benjamin Tucker para
observar como uma espécie de cruzamento entre libertarianismo de livre mercado
contemporâneo e a esquerda tradicional. Alguém pode ver uma clara progressão
filosófica realizando sobre reflexo da questão. Libertarianismo de esquerda é
um consciência dessa rica história, de que o libertarianismo não começa na
década de 1930 e que não é algum tipo de movimento conservador ou liberal leve em que nós
colocamos todos as metas libertárias ao lado até os comunistas serem
liquidados. Libertarianismo de esquerda não é um desvio, é a correção de um
desvio e não seria tão necessário se tal desvio não ocorresse para começar.
Libertarianismo de esquerda não é apenas uma
perspectiva histórica, de qualquer maneira. É uma síntese entre certas metas
que podem ser associadas com "a esquerda" e ideias libertárias,
envolve formas de utilizar ideias libertárias para obter conclusões que podem
ser "esquerdistas". Em particular, libertarianismo de esquerda
envolve uma tendência para utilizar economia de livre mercado para demonstrar
como a intervenção do estado afeta negativamente interesses que podem ser de
preocupações "da esquerda", por demonstrar como o estado prejudica
trabalhadores, reduz padrões de vida, causa aumento de preços, permite dano
ambiental, concentra poder privado e apoia monopólios. Libertarianismo de
esquerda pode ser usado para demonstrar como o provável resultado de uma
economia genuinamente livre é comparativamente igualitária em face das
estruturas econômicas existentes atualmente, e como é possível para negócios
tais como sindicatos e cooperativas voluntárias para existir num mercado
genuinamente livre.
Libertarianismo de esquerda observa que muitas
vezes o que é celebrado como "capitalismo" (mesmo por alguns "libertários") é mais como uma plutocracia ou uma sociedade neo-mercantil, e que
muitas elites privadas crucialmente confia o poder estatal para sustentar seu
próprio poder. Libertarianismo de esquerda reflete uma tendência a ser crítica
tanto do poder do estado quanto do corporativo, e uma aguçada consciência do
nível ao qual os dois são sinérgicos. A função da liberdade não é para
privatizar poder mas para apoiar uma rejeição coerente de autoridade
arbitrária, e enquanto o estado é certamente a instituição mais fundamental de
autoridade arbitrária, não é necessariamente a única. Por isso, interesses
adicionais sobre relações de poder entre vários grupos dentro da sociedade não
são necessariamente irrelevante, é somente que deve-se compreender o papel que
o estado em atuar em tais relações de poder e a forma em que tais relações de poder
verdadeiramente funciona no geral. Em qualquer caso, libertarianismo de
esquerda é "denso" neste sentido, como existe mais do que
anti-estatismo.
A favor por mais tomada de decisão participativa
ou ação direta como um método por trazer seus objetivos é também um aspecto do
libertarianismo de esquerda, melhor refletida pela teoria do agorismo. Um ponto
central é que a organização deve ser a partir de baixo pra cima e que ativismo
é uma questão de diretamente tornar uma mudança num nível pessoal ou numa
pequena escala ao invés de participar no sistema ilusório e falido da
democracia representativa ou permanecendo em um estado de dependência em
estruturas dominantes atuais. Isso pode ser visto como envolver um princípio de
responsabilidade pessoal e uma consciência da necessidade por mecanismos
competitivos afim de se opor às estruturas de poder atualmente. Por isso, a
tendência geral é no sentido de uma rejeição de reformismo e partidos
políticos.
Libertarianismo de esquerda também funciona como
um aliança ou guarda chuva em que uma multitude de várias escolas orientadas
libertárias de pensamento coexistam e, portanto, pode ser vista como uma
manifestação de anarquismo sem adjetivos. Em particular, mutualistas e
rothbardianos de esquerda (aqueles que extraem influência dos anos mais
"esquerdistas" de Rothbard e não de sei anacaps desenfreado) representam um bom meio termo que possa
unir pessoas associadas tanto com libertarianismo de livre mercado e anarquismo
social. Não há razão para haver um muro total entre os dois mundos e como
diferenças semânticas são eliminadas, um grau de compatibilidade se torna
evidente.
Traduzido por Rodrigo Viana. Para ler o texto original Clique aqui
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