O que é libertarianismo de esquerda?

O libertarianismo de esquerda, um primeiro passo.

O que é Anarquismo?

Anarquismo e seus primeiros passos no movimento

Bitcoin

Introdução a revolucionário cryptomoeda Bitcoin

Mutualismo: uma introdução

Introdução ao Anarquismo mutualista suas teorias, práticas e ideias.

Mercados Libertos e Anti-Capitalismo

Capitalismo não, Mercados!

Socialismo Libertario, Libertarianismo de esquerda e outros termos

Um esclarecimento sobre o termo libertário e seus constantes erros de tradução e interpretação

terça-feira, 30 de setembro de 2014

John Bush sobre Agorismo



Palestra feita pelo ativista libertário John Bush em um encontro do movimento END THE FED em Houston, tradução Vinícius Morgado.

" Olá meu nome é John Bush, eu sou de Austin Texas e estou envolvido com o movimento libertário a quase uma década agora, eu realmente aprendi muito durante estes 10 anos e evoluiu em vários aspectos.


Hoje eu gostaria de falar com vocês sobre como podemos criar um sociedade completamente livre. Eu vou falar de diversas dicotomias hoje e uma delas é o monopólio versus a competição, uma das raizes de todos os males e um dos maiores inibidores de nossas liberdades individuais é o "poder monopolístico".


Um dos monopólios que eu mais odeio e uma grande exemplo destes é o monopólio que os departamentos de defesa desfrutam do fornecimento de defesa, dêem uma olhada no departamento de defesa de Houston, eles enfiam a porrada nos cidadãos de Houston, é absolutamente triste eu vejo isso no youtube o tempo inteiro.


Eu garanto que se o departamento de polícia de Houston for aberto a competição, e os residentes em Houston não fossem obrigado a pagar pelo departamento de polícia, eles iriam a falência.


Existiriam serviços competindo ou as pessoas poderiam sair as ruas com suas armas, mesmo isso sendo ilegal no estado do Texas , aliás como isso soa para o suposto estado livre e independente do Texas? Ou as pessoas iriam usar o dinheiro que foi roubado delas para financiar o corrupto departamento de justiça de Houston e iriam usar este dinheiro para pagar uma agência privada da defesa.

Este é um exemplo de monopólio estatal, apesar de os monopólios não serem somente dele, que fere nossas liberdades individuais e nosso direito de viver como pessoas livres.


A questão é como lidamos com esses monopólios que eu considero como inimigos da liberdade. Monopólios tiram sua liberdade de escolha. Na ausência de monopólios as pessoas pensariam; "Ãh eu não gosto do departamento de defesa de Houston eles baterão no meu primo sem motivo semana passada, não acho que vou continuar dando dinheiro a eles vou procurar uma segunda alternativa".


A melhor forma de eliminar monopólio é a traves da competição. Isso é essencialmente o Agorimo, Agorismo é uma tática libertária criada por Samuel Konkin III (sek3) na década de 80, essencialmente o que o Agorismo propõe não é competir dentro do estado mas competir com o estado. Ele reivindica a criação de instituições e mercados paralelos associações, contratos e relações mutuamente benéficas , não baseadas na coerção, na força, no monopólio, ou sob a mira de uma arma.


Outra coisa e talvez a mais perigosa de todas é criar instituições competitivas de defesa e comercio, isso pode vir de diversas formas tanto com Mercados Negros e contrabando, negociações por meios de bitcoins, vigília de vizinhas até as milícias armadas.


Não precisamos do Departamento de polícia, nós só precisamos estar armados, precisamos ter comunidades fortes que estão dispostas a cuidar umas das outras.


Nós também não precisamos de um governo para prover o fornecimento de defesa porque nunca foi pelo fornecimento de justiça e sim para dar segurança e proteger o poder privilegiado de um determinado grupo.


Se você decidir que não vai mais pagar impostos um agente armado vai aparecer na sua casa e te levar embora, se você estiver fumando algum mato sendo uma pessoa pacífica um agente armado pode aparecer e te colocar em uma jaula. Isto é muito assustador e amedrontador.


E é por isso que a comunidade é muito importante se quisermos buscar a liberdade em nossa tempo de vida.


Para concluir e superar o medo quero lhe propor 3 pontos; 1) Existe força no númeor 2) Existe força na unidade 3) E ha força na verdade, e neste momento nós temos todas as três ao nosso lado então tudo que temos que fazer é nos levantar e eles nunca poderão nos colocar para baixo."


Fontes

Vídeo da palestra com legendas em português



sábado, 27 de setembro de 2014

O direito a pirataria

O recente caso do camelo morto por um polícia militar chamou a atenção não só pela ineficiência e monopólio da fiscalização e segurança do estado mas também pela sua violência, porem esta violência é em parte porque os policias tem a desculpa legal de "procurara por produtos piratas ou comercio sem autorização", e isso não se restringem aos camelos ou ao Brasil, diversos país prevêem multa para quem faz o download ou upload de arquivos que violem os "direitos autorais" de um produto ou serviço, mas porque a propriedade intelectual e os direitos autorais existem? Eles são benéficos ou não?



"Comercio sem autorização" hein???

Sim comercio sem autorização, diversos estados pelo Brasil exigem a regulamentação e o controle de diversos mercados isso não se restringe apenas a corporações ou cooperativas mas também a comércios de menor porte como camelos ou pequenos comerciantes as duas maiores argumentações do estado são; Que se deve manter o controle de qualidade e que se deve combater a pirataria ,essa segunda abordaremos mas abaixo, na primeira afirmação no entanto na vida real e não no mundo imaginário criado pelo estado isso não acontece, diversos comerciantes já foram processados por vender comida vencida ou com algum tipo de irregularidade no entanto a fiscalização do estado não os pegou ou porque são incompetentes ou pelo fato de que são facilmente subornados, o dever da fiscalização segundo a lei do estado é para evitar que este tipo de irregularidade aconteça e não permitir um processo depois que já aconteceu se for assim porque precisamos de regulação do estado? Neste caso o próprio mercado acabaria ou forçaria com que o comerciante melhor seu serviço logo que se este comerciante comece a vender comida estragada e seus concorrentes não, é óbvio que ele ira a falência em uma verdadeira livre-concorrência, além de que processos como estes podem ser possível sem a ajuda do sistema judicial obsoleto e burocrático do estado sendo feitos por cooperativas, arbitragem baseadas no voluntarismo ou judicial privado cooperativo ou não.

Propriedade intelectual, Pirataria? Não concorrência!

"Não há declaração mais errónea do que: “Esta é a minha ideia. Tais noções são subproduto de uma cultura materialista, reforçada pela busca de recompensas(geralmente financeiras),
em troca da ilusão da “posse” de criações. Há, constantemente, o reforço do “ego” e de vaidades, em frequentes reivindicações por “prestígio” e “crédito”.

Tudo é cópia. Tudo é plágio. As influências são difusas. As ideias são um fluxo. O original é sempre fundamentado.
No entanto há uma diferença fundamental entre posse de ideia e posse do ato. Há quem escreveu ou realizou e há a ideia, a criação — sempre indiscutivelmente livre. Mas a que ponto importa um nome?

Costumamos dizer que a característica intrínseca a uma propriedade é a sua escassez, só há propriedade sobre terras porque estas são finitas e se torna necessário a criação de um arranjo para uma melhor alocação das mesmas, a esse arranjo damos o nome de propriedade apesar deste poderem ser utilizada como posse e uso, é impossível nós termos propriedade sobre coisas como o ar porque este é um elemento não escasso da matéria.

Intelectual é geralmente aceito como algo ligado ao campo das ideias, da mente, do pensamento, diferente de terras, ideias não são bens escassos, nós podemos continuar utilizando-as infinitamente que elas não acabarão.

Um exemplo clássico para demonstrar isso, é a lição de casa que os estudantes fazem. Ambos usam lápis, cadernos, mochilas, livros, tudo mais, diferentes um do outro porque esses bens são escassos é impossível que duas crianças façam uso do mesmo lápis ao mesmo tempo. Entretanto a fórmula que eles usam na atividade de física é a mesma, e é compartilhada entre todos os estudantes, de todo mundo, há várias gerações sem que ela “acabe”.

Se definirmos propriedade como o nome do arranjo que procura alocar recursos escassos e intelectual como algo ligado a ideia, falar em “propriedade intelectual” se torna um oxímero.

A verdade é que não existe propriedade intelectual, o que os defensores de PI realmente querem é o Monopólio Intelectual (MI), o uso exclusivo de uma ideia. Retomando o exemplo da lição de casa, o objetivo dos defensores do MI é criar via coerção e violência uma escassez artificial, fazer com que apenas um dos estudantes possa usar a fórmula tal como são obrigados pela natureza a usar diferentes cadernos.

Monopólio Intelectual é uma ideia extremamente absurda do ponto de vista ético e moral. Imagine que você ache a arquitetura de uma casa bonita e decida copiá-la, você acharia legítimo que o dono da casa e criador do desenho tivesse algum tipo de direito sobre a sua residência? Óbvio que não!

Não existe nenhum roubo em copiar uma ideia, quando você copia você está somando algo, não subtraindo, o criador original continua com sua propriedade a única diferença é que agora você também tem uma.

Imagine outra situação, duas pessoas tem a mesma ideia revolucionária na informática, mas um deles é mais ágil e patenteia a ideia primeiro. Você acha justo que a segunda pessoa seja proibida de usar a ideia que inventou? Qual a lógica disso? Qual o incentivo para a criação de novas ideias se eu tenho que passar mais tempo me preocupando checando se alguém já pensou naquilo antes do que realmente descobrindo novas ideias?



Propriedade intelectual inibe a livre-concorrência

A criação de monopólios intelectuais leva a empresas passarem mais tempo gastando esforços com advogados do que realmente com P&D. Uma empresa quando cria algo por si só já garante o monopólio daquele produto até que os seus concorrentes começassem a desenvolver suas cópias, as cópias estimulam a empresa a sempre buscar inovação para que não fique atrás da concorrência.

Mesmo no caso de pessoas que lidam com direitos autorais, em que a ideia é o seu próprio produto, a situação é parecida. No caso de livros e músicas a presença física do autor (palestras, sessão de autógrafos etc.) e uma produção constante de títulos dariam muito mais dinheiro que a própria venda dos livros, tal como ocorre hoje com os músicos que ressurgiram depois da pirataria desenfreada.

Isso seria bom até mesmo para uma melhor seleção dos livros publicados. Títulos caça-níquéis seriam deixados de lado em favor da republicação de cópias de autores mais respeitados que poderiam explicar as ideias contidas em seus textos pessoalmente.

Podemos perceber que nas áreas onde hoje há amplo desrespeito a monopólios intelectuais são ás áreas em que há maior desenvolvimento tecnológico e avanços no mundo. Vejamos como na informática PI é algo amplamente desrespeitado por boa parte dos usuários, ou na indústria da moda que sempre inventa algo novo todo ano mesmo os estilistas tendo seus desenhos sendo copiados dia e noite.

Todos nós devemos o nosso conforto a um amplo desrespeito ao Monopólio Intelectual. Já imaginou como seria a nossa vida se o inventor da roda proibisse as outras pessoas de usarem a sua descoberta? Ou se tivessem monopolizado o design das camisetas que nós usamos hoje em dia?

Qualquer reflexão sobre os “direitos de propriedade intelectual” deve partir do entendimento de que esses “direitos” minam os direitos de propriedade genuínos e, por isso, são ilegítimos em termos de princípios libertários. Os direitos de propriedade reais e tangíveis resultam de uma escassez natural e são consequência da tentativa de manter a posse de uma propriedade física que não pode estar nas mãos de mais de uma pessoa ao mesmo tempo.

A noção de “propriedade intelectual”, por outro lado, cria escassez artificial onde não há escassez natural, e só pode ser aplicada invadindo-se propriedades reais e tangíveis e impedindo-se seu dono de usá-las de forma que viole o suposto direito de propriedade intelectual alheio. Conforme ressalta Stephan Kinsella, se um Cro-Magnon particularmente talentoso tivesse sido capaz de patentear a construção de cabanas, seus herdeiros, hoje, teriam o direito de nos impedir de construir nossas próprias cabanas em nossa própria terra, com nossos próprios troncos, até que lhes pagássemos qualquer quantia que exigissem.

A informação digital registrada requer um modelo de negócio ainda mais violador dos genuínos direitos de propriedade do que os direitos autorais tradicionais. O regime de direitos autorais digitais vigente sob os termos da Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital (DMCA), do Tratado sobre Direitos Autorais da Organização Mundial da Propriedade Intelectual e do Acordo TRIPs, da Rodada Uruguai do extinto Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e a nova OMC, concentra-se inteiramente na tentativa de impedir as pessoas de usarem seus próprios discos rígidos e outros bens como bem entenderem. É efetivamente ilegal, graças a essa legislação, vender hardware capaz de lograr tecnologias de gestão de direitos digitais, ou publicar códigos que habilitem alguém a lográ-la. Conforme Cory Doctorow salienta, “É irônico que, em nome da proteção da ‘propriedade intelectual’, as grandes companhias da mídia estejam dispostas a cometer tal violência contra a ideia de propriedade real – argumentando que, uma vez que tudo que possuímos, desde nossas camisetas aos nossos carros ou nossos e-books, inclui os direitos autorais, as patentes e as marcas registradas de alguém, somos, basicamente, meros rendeiros vivendo na terra de nossos benevolentes mestres, que acharam por bem nos arrendar nossas casas”.

A ubíqua gestão de direitos digitais impede a transferência fácil de conteúdo entre as plataformas, mesmo quando o comprador de um CD ou de um DVD quer, apenas, executá-lo em algum lugar mais conveniente. E a DMCA proíbe legalmente que se contorne essa gestão, mesmo quando, novamente, o comprador quer apenas facilitar seu próprio uso em uma variedade maior e mais conveniente de plataformas.

Não há como exagerar o grau de invasividade exigido pela defesa da “propriedade intelectual” na era digital. A intrusiva e inconveniente gestão de direitos digitais, incorporada nas mídias proprietárias, e a draconiana legislação que criminaliza os recursos técnicos para evasão deveriam deixar isso claro. A tendência lógica do regime de direitos autorais digital foi descrita de forma bastante convincente por Richard Stallman em um conto distópico, “The Right to Read” [O direito de ler, tradução livre] (simplesmente busque no Google – vale muito a pena).

As corporações contam com a legislação, cada vez mais autoritária, para capturar o valor da informação proprietária. Johann Soderberg compara a maneira como as fotocopiadoras eram monitoradas na extinta União Soviética, para proteger o poder das elites naquele país, à maneira como os meios de reprodução digital são monitorados nos Estados Unidos país para proteger o poder das corporações. Interesses econômicos privilegiados, ligados ao Estado, se tornam cada vez mais dependentes desse controle, que, infelizmente para eles, está ficando cada vez mais inexequível, graças ao BitTorrent, à criptografia forte e a servidores proxy. Caso em questão: a “revolta do DeCSS”, em que liminares judiciais contra um código para desbloquear um DVD foram recebidas com uma provocadora publicação deste em blogs, sites e mesmo em camisetas. A impossibilidade de se colocar em prática a proteção aos direitos de propriedade intelectual enfraquece o modelo de negócios que prevalece entre uma grande parcela de empresas privilegiadas e ligadas ao Estado.

Por: Vinícius Morgado




sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Mercado Negro e Anarquia

Em algum nível, a maior parte dos anarquistas modernos concordam completamente que a educação e persuasão são os meios mais efetivos de levar a sociedade para seu destino final. Há a convicção de que “ideias importam”; que o estado existe porque a maior parte das pessoas honestamente acreditam que o estado é justo, necessário e benéfico, apesar de alguns inconvenientes. Winston Churchill disse que, “democracia é a pior forma de governo, forma todas as outras tentadas”. O objetivo dos anarquistas é refutar a afirmação de Churchill: mostrando que ao contrário da crença popular, a democracia ocidental não é somente ruim, mas inferior a uma alternativa muito diferente e realista.
Além disso, a similaridade entre as abordagens anarquistas entram em conflito. Em particular, como deve ser a fase de transição? Anarquistas mutualistas ou agoristas geralmente veem uma abordagem evolutiva para alcançar uma nova sociedade incluindo a limitação ou eliminação de monopólios ou controle estatal. Em consequência, eles usualmente apoiam qualquer medida para desregular, eliminar leis, e cortar impostos e gastos assim como leis que beneficiam a classe dominante ou grandes empresas. Similarmente, eles podem somente saudar a propagação da economia do submundo ou o “mercado negro”, sonegação de impostos, e outros atos que desafiam as leis injustas.



A transição desejável para demais anarquistas como as correntes coletivistas ou comunistas do anarquismo. É difícil apoiar a expansão do estado quando é o estado que ele se opõem fervorosamente. E ainda, é difícil defender a abolição dos programas de bem estar social quando eles são um importante meio de subsistência da classe baixa da sociedade capitalista oprimida. Talvez o passo intermediário mais viável seja expandir as alternativas voluntárias a sociedade capitalistas: comunas voluntárias, cooperativas, empresas controladas pelos trabalhadores, ou qualquer coisa que liberte as pessoas e que possam fornecer as pessoas suas necessidades enquanto o modelo capitalista é eliminado, alguns anarquistas não dispensam porem a revolução armada e determinado grupo de coletivistas costuma vê-la como uma única saída viável para o capitalismo, mutualistas diferente da fama “pacifista” que receberam não se opõem a violência como forma de luta ou a revolução como forma de mudança no entanto veem que antes de se derrubar um governo é necessário ter o anarquismo e a ação direita bem como mercados paralelos, cooperativas, comunas e instituições horizontais enraizadas na classe trabalhadora para substituir ou até mesmo fazer frente ao regime estatal e capitalista, mutualistas não veem a revolução como a única forma de transição a uma nova sociedade e preferem uma abordagem evolutiva.
Mercado Negro Anarquista

Sempre ressaltei aqui a contra economia e a utilização consciente do mercado negro para concorrer e utilizar desta tática para atingir a economia capitalista e o estatismo, o agorismo corrente filosófica criado por Samuel Konkin III não se distância deste objetivo.

O agorismo não é uma vertente do AnarcoCapitalismo como alguns libertários de direita costumam afirmar o que chegaria mas perto disto é dizer que o Agorismo é uma evolução de esquerda do Anarcocapitalismo porem com forte influência mutualista e de mercados libertos anti-capitalistas, e subconjunto de anarquismos de mercado.
A filosofia política agorista foi fundada por Samuel Edward Konkin III (aka SEK3)  foi o autor do Manifesto do Novo Libertário. Como Rothbard, no final da década de 1960 e início da década de 1970, Konkin viu o libertarianismo como um movimento da esquerda radical. Ele foi um fundador do Agorist Institute e do Movement of the Libertarian Left.
Konkin era contra o voto, acreditando este ser contra a ética libertária. Ele também se opunha ao “Libertarian Party” o qual ele considerava como um opção estatal do libertarianismo e contraditória aos objetivos libertários.

Apresentou sua estratégia para a realização de uma sociedade libertária no manifesto mencionado. Desde sua rejeição ao voto e a outros meios pelos quais as pessoas normalmente usam para a mudança, reforma, ou lutar contra o sistema a partir de seu interior; sua abordagem necessariamente se destina a lutar contra o sistema, mas de fora. Especificamente, ele encorajava as pessoas a retirarem suas permissões por parte do estado, movendo-se para atividades dentro do Mercado Negro e Mercado Cinza, onde seriam isentas de impostos ou não regulamentadas.


Por: Vinícius Morgado

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Emma Watson for gender equality


Emma Watson, atriz que interpretou Hermione nos filmes da série Harry Potter, discursou na ONU sobre feminismo e assuntos diversos. Segue trecho traduzido:
"Quanto mais falo sobre feminismo, mais percebo o quanto a palavra é identificada como ódio aos homens. Tenho a certeza de que isso precisa parar.

Homens, gostaria de usar esta oportunidade para lhes fazer um convite formal: a igualdade de gênero também é um assunto seu.
Ainda hoje, vejo que o papel do meu pai na família é desvalorizado pela sociedade, embora eu precisasse tanto da presença dele quando criança quanto precisei da minha mãe.
Tenho visto homens jovens sofrendo com doenças psiquiátricas, mas incapazes de pedir ajuda pelo medo de que isso os faria parecer menos "machos" - e de fato, o suicídio é a causa mais comum da morte de homens entre 20 e 49 anos no Reino Unido. Tenho visto homens frágeis e inseguros por conta de um senso distorcido sobre o que constitui o sucesso masculino. Os homens também não desfrutam dos benefícios que a igualdade traria.
Nós não falamos muito sobre homens aprisionados por estereótipos de gênero, mas posso ver que assim eles estão e que, assim que eles se libertarem disso, as coisas mudarão para as mulheres como naturalmente. Quando os homens não forem obrigados a controlar, as mulheres deixarão de ser controladas.
Homens e mulheres deveriam sentir-se bem em ser sensíveis. Homens e mulheres deveriam sentir-se livres para serem fortes. Chegou o tempo em que precisamos parar de entender os gêneros num espectro que opõe dois conjuntos de ideais.
Se nós pararmos de definir uns aos outros pelo que não somos, e começarmos a nos definir pelo que somos, seremos todos mais livres."
(Tradução de Pedro Menezes)

Vídeo com Legendas em Português;

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Socialismo libertário, libertarianismo de esquerda e outros termos: conceitos e diferenças

Não é própria deste momento histórico a existência de confusões causadas por múltiplas interpretações de uma mesma palavra. Por este motivo, é necessário que o cientista, o pesquisador e o teórico se detenham por um instante sobre a tarefa de apresentar uma conceituação dos termos utilizados. Esta tarefa não corresponde ao ato de tomar para si as palavras, mas de apresentar um uso, isto é, uma interpretação para elas.

No campo do pensamento político há diversos conceitos. Palavras como capitalismo, socialismo, anarquia, mercado, propriedade, poder, indivíduo e sociedade são alguns exemplos de termos que necessitam de aprofundamento conceitual. Caso isto não ocorra, torna-se difícil compreender qual é o sentido pretendido. Devido a problemas de tradução da palavra inglesa libertarian é preciso diferenciar o pensamento libertário norte-americano do antigo uso da palavra libertário para designar os anarquistas clássicos.

Dentro da história do pensamento político, chamou-se de liberal o defensor de determinadas liberdades civis e liberdades econômicas. O liberalismo é a doutrina do liberal, pautado no pensamento dos liberais clássicos como Locke e Mill. O problema linguístico aparece quando nos Estados Unidos o termo liberal é usado para designar uma posição que, no Brasil, chamaríamos de liberalismo-social. Naquele país os defensores de liberdades se viram órfãos de um termo que os designassem. É neste contexto que aparece, para diferenciar o liberal, o termo libertarian.

A confusão para o leitor da língua de Camões ocorreu ao traduzir-se o termo libertarian por libertário. Este novo libertário também foi designado neste idioma como libertarista e libertarianista. É óbvio que um indivíduo que defende liberdades irá chamar a si mesmo de libertário, o defensor da liberdade, como aponta a definição dicionarista. Porém, devido ao uso deste termo em outras tradições do pensamento político, a confusão torna-se aparente.

Jorge Esteves da Silva está correto ao apontar que o termo libertário foi introduzido pelos teóricos anarquistas franceses no século XIX. No entanto apesar de reivindicar seu uso os anarquistas nunca buscaram ou quiseram ter direitos de propriedade sobre o uso desta palavra, o uso do termo libertário pode se modificar ao longo da dinâmica existente nas transformações linguísticas que sempre ocorreram na história.

Se o termo libertário foi introduzido pelos anarquistas, é compreensível que os seguidores de Joseph Déjacque (1821-1864) reivindiquem o seu uso para a defesa do pensamento político que defende a divisão equitativa do produto do trabalho numa sociedade organizada comunalmente, sem a existência de um governo central. É importante salientar que, antes de Déjacque, Pierre Joseph Proudhon (1809-1865) havia se autointitulado anarquista. O termo libertário não começa a ser utilizado como oposição ao mutualismo proudhoniano, como afirmam alguns libertários de direita, um sistema que defendia direitos de propriedade baseada na posse e uso e remuneração proporcional ao trabalho realizado.

Destarte, há neste ponto uma primeira distinção que merece atenção. Nos anarquismos não-individualistas o coletivismo é um ponto principal. Estes anarquismos que rejeitam em partes a associação com salários e preços, o chamado anarquismo social ou variações coletivistas no anarquismo, podem ter um caráter comunista libertário ou socialista libertário (posteriormente surge o anarco-sindicalismo). O anarco-socialismo, ou socialismo libertário, é a defesa de uma sociedade na qual todos os meios de produção são socializados. Porém, diferente de Karl Marx, defende que esta socialização ocorra sem a criação de um estado ou estrutura hierarquica e centralizada para governar. A revolução dos trabalhadores não trocaria os atuais governantes por novos governantes ou modelos centrais e estatais de organização, como defendeu Marx e ocorreu nas revoluções marxistas ao redor do globo. Contudo, para os anarco-comunistas há um problema grave com esta defesa socialista do anarquismo, pois ainda existira a remuneração pelo trabalho. O anarco-comunismo defende a abolição deste sistema de salários, visando uma distribuição dos bens a partir da necessidade. Tudo seria comum e distribuído para todos conforme fosse necessário o uso. Este sistema de abolição do dinheiro acabaria com a ideia de recompensa, pois todos teriam acesso ao que foi produzido e decidiriam democraticamente em suas comunas como utilizar os recursos e os bens produzidos.

O primeiro teórico a usar o termo libertário defendia uma posição anarco-comunista. Entretanto, Mikail Bakunin, teórico anarco-socialista, chamou seu anarquismo de socialismo libertário (em oposição ao socialismo autoritário, termo que usava para designar a ideia de Marx). Neste contexto, os anarco-comunistas, que viam no socialismo libertário uma estrutura de preços e salários, consideram a criação de outro termo para os definir e então surge o comunismo libertário.

Assim, o termo libertário na tradição anarquista não possui um uso uniforme. Obviamente que os anarcocomunistas reivindicam o seu uso devido ao seu surgimento porem não querem propriedade exclusiva sobre o termo e não sem importa com sua utilização por outras variações do anarquismo seja ela individualista ou coletivista. A liberdade que defendem é a liberdade social da vida numa comuna democrática com redistribuição por necessidade e não por mérito. Esta é a sociedade sem coerção, sem autoridade e sem amarras.

Por este tipo de anarquismo ser mais difundido, ajudado pelas revoltas e revoluções desencadeadas contra o capitalismo, não é de estranhar que os defensores do libertarianismo de direita sejam vistos com estranheza ao se considerarem libertários, porem as demais correntes anarquistas nunca os negarão o termo.

O libertarianismo, libertarianism no inglês, dentro da tradição anarquista está posicionado entre outro tipo de anarquismo que floresceu na primeira metade do século XIX, o anarquismo individualista. Nesta corrente é o indivíduo que está em primeiro plano, acima de um contexto social ou comunal.

Se na tradição individualista o libertarianismo defende as liberdades individuais em seu mais alto grau, ao defender um modo de produção de bens e serviços será buscada a forma mais livre de produzir. Portanto, é no livre mercado anti-capitalista que se pautará a defesa da efetivação da liberdade de se produzir onde, quando e como quiser com a reçalva de alguns mutualistas que defendem a busca de meios sustentáveis sempre que possível. Este ambiente de liberdade só é possível se as relações entre os indivíduos forem voluntárias e não orquestradas por um governo central. Bem diferente dos coletivistas, estes novos anarco-individualistas defenderão o mercado desempedido e anti-capitalista, sendo possível apenas num ambiente no qual sejam respeitadas as propriedades privadas cooperativistas. É exatamente no espaço privado que haverá a efetivação total das vontades e liberdades individuais. Como não são autosuficientes, os indivíduos precisarão efetuar trocas com outros indivíduos. O sistema de preços e as leis de oferta e demanda possibilitarão que as trocas justas ocorram, isto é, as trocas efetuadas voluntariamente serão justas se aceitas por ambas as partes sem a existência de fraude ou coação, para os anarquistas de livre-mercado este mesmo termo significa trocas voluntárias sem coerção ou intervenção estatal.

Apesar dessa defesa das liberdades, as liberdades econômicas eram o ponto menos aceito para uma tradição anarquista. Num século que foi marcado por ditaduras socialistas estatais, civil-militares e por enormes intervenções governamentais na economia era preciso demonstrar que a defesa de uma sociedade com mercados desimpedidos anti-capitalistas e anti-hierarquicas traria mais benefícios para os menos favorecidos economicamente. Esta defesa de uma economia de mercado trouxe para o moderno libertarianismo uma antiga direita, defensora do livre mercado capitalista e corporativista. Este foi um dos motivos para que os novos libertários ficassem associados apenas à defesa de mercados desregulados. Neste contexto, viu a necessidade de retomar-se uma forma de apresentar o libertarianismo que remonta à tradição individualista do anarquismo. Este libertarianismo retomado do século XIX fica conhecido como libertarianismo de esquerda (left-libertarianism) e é frequentemente utilizado por anarquistas mutualistas.

O libertarianismo de esquerda não é uma posição política homogênea. Antes, designa diferentes abordagens de questões políticas e sociais num contexto teórico nos quais diferentes teorias relacionam-se. Deste modo, falar em libertários de esquerda pode-se referir aos seguintes grupos teóricos: (1) esquerda libertária, (2) georgismo (geoísmo), (3) escola Steiner–Vallentyne, (4) agorismo, (5) left-libertarianism (libertarianismo de esquerda de livre mercado).

Apesar das diferentes linhas de pensamento, é a quinta vertente a que chama a si mesmo de libertária de esquerda. Há confusão, por exemplo, pelo fato de alguns autores identificarem alguns marxistas como Rosa de Luxemburgo, Anton Pannekoek, Paul Mattick, Cornelius Castoriadis, Jean-François Lyotard e Guy Debord como libertários de esquerda. A esquerda libertária, portanto, alinha-se muito mais com o socialismo libertário, já comentado anteriormente. Contemporaneamente, anarquistas famosos como Murray Bookchin e Noam Chomsky tem se identificado com esta tradição socialista de viés anti-estatal.

O georgismo refere-se à teoria político-econômica elaborada por Henry George. O ponto central do pensamento de George é que as pessoas são proprietárias de tudo o que criam, mas que os bens naturais, como a terra, não deveriam possuir proprietários. Economicamente significa que o único imposto existente deveria ser o imposto sobre a terra. Toda atividade econômica ficaria livre de taxação e a única taxação existente seria eficiente e equitativa ao recair sobre os que possuíssem mais propriedades de terra. Milton Friedman (1978) concordou com a posição de Henry George ao afirmar que o imposto sobre a terra seria menos nocivo e produziria menos distorções econômicas do que os impostos sobre as atividades econômicas. Vale salientar que apesar de não ser um anarquista, as ideias de George foram tomadas por alguns seguidores que reelaboraram o georgismo, transformando-o no chamado geoanarquismo, uma espécie de neo-georgismo.

A Escola Steiner–Vallentyne está alicerçada no pensamento de Hillel Steiner e Peter Vallentyne, além de possuir contribuições de outros acadêmicos e pensadores não necessariamente left-libertarians. A questão chave desta escola é criticar a concepção de autopropriedade de Robert Nozick (famoso pelo seu clássico Anarquia, Estado e Utopia) e a dedução de que a propriedade de outros recursos naturais decorra deste conceito. Neste contexto, o pensamento desta escola aproxima-se do pensamento de Henry George ao afirmar a necessidade de "uma compensação que os proprietários devem aos não proprietários mediante impostos ou rendas sobre a propriedade de recursos naturais, incluindo a propriedade da terra" (ROSAS, 2009).

O agorismo é a filosofia política elaborada por Samuel Edward Konkin III, ativista libertário. O termo remete à palavra ágora do grego. A ágora era a praça principal da pólis grega, o local onde ocorriam as assembleias e onde havia mercados e feiras livres. Ao propor o agorismo, Konkin queria fugir dos antigos rótulos "liberal" e "anarquista". O agorismo seria então a filosofia política baseado nos mercados livres anti-capitalistas ( que mais tarde seria utilizadas por AnarcoCapitalistas que se baseariam nos mercados livres anti-capitalistas estatais), em suas palavras "libertária em teoria e de livre-mercado anti-capitalista na prática". Konkin expôs suas ideias no Manifesto do novo libertário. Neste livro, apresenta o conjunto de conceitos e princípios que baseiam a defesa de uma sociedade livre. Aponta que a nossa condição é o estatismo e a econômia corporativista que este precisa ser eliminado para que se atinja a sociedade agorista. Defende a contra-economia, isto é, que os libertários evitem ao máximo a economia branca vendas e trocas por bancos e empresas "legais" e façam suas trocas no mercado negro, como forma de atingir o estatismo e o capitalismo. Konkin não apenas defendeu esta ideia, mas praticou a contra-economia incentivando o surgimento de empreendedores do mercado negro. Foi grande crítico de uma transformação pela via política, como o Libertarian Party, defendendo uma revolução cultural que minasse o estatismo.

O quinto grupo que pode ser definido como libertário de esquerda é o libertarianismo de esquerda. Neste sentido, quando dentro da tradição libertária (do libertarianismo) fala-se de um libertarianismo de esquerda (left-libertarianism) é a este movimento que se refere. Dentro os mais notáveis pensadores desta posição estão Kevin Carson, Roderick T. Long, Charles Johnson, Brad Spangler, Sheldon Richman, Chris Matthew Sciabarra e Gary Chartier.

A principal diferença do libertarianismo de esquerda com o libertarianismo mais difundido no Brasil está relacionada com questões sociais, como drogas e aborto, e questões econômicas, como propriedade da terra e grandes corporações. É certo que autores como Murray Rothbard, Walter Block, Leonard Read e Harry Browne ,assim como alguns anarcocapitalistas, escreveram sobre o libertarianismo não ser nem de direita e nem de esquerda, criticando autores que se posicionam nas vertentes left e right do pensamento libertário. Apesar deste ímpeto de evitar tal classificação, inclusive sob o slogan "nem esquerda, nem direita, libertário", Anthony Gregory apresenta uma distinção que pode auxiliar a diferenciação entre o libertarianismo de esquerda e de direita.

Outro ponto importante na abordagem à esquerda do libertarianismo é ser contra o poder das grandes corporações. Há enorme vinculação entre o poder estatal e o poder dos grandes grupos corporativos. Defender a liberdade econômica seria favorecer os que já começam no livre mercado amparados, auxiliados e favorecidos pela condição histórica anterior. Quantas histórias de favorecimento com doações de terras, ou mais sujas, como o pagamento de fiscais do governo para atrapalhar concorrentes e até mesmo a morte de concorrentes não existem no mundo do big business? Como as pessoas poderiam competir num mundo no qual o favorecimento histórico concedeu terras aos amigos dos que detinham poder político? Seria justo ignorar o histórico ilegal de aquisição de terras e bens? Terras sem uso deveriam ser consideradas propriedade e quem as usasse considerados invasores? Para os libertários de esquerda essas questões são fundamentais.

Em questões sociais, os libertários de esquerda desaprovam toda forma de opressão. São, por isso, contrários ao racismo, sexismo, hierarquia e formas autoritárias de educação e cuidados parentais.

Em suma, o libertarianismo de esquerda é uma oposição ao que Kevin Carson chamou de libertarianismo vulgar. Para Carson, a defesa da privatização, desregulamentação, diminuição dos impostos para corporações, negação do aquecimento global, aumento de políticas imigratórias e livre mercado sem a defesa da legalização das drogas, das liberdades civis, reforma nos impostos (fechando brechas usadas pelas grandes empresas), eliminação do bem-estar corporativo e liberdade de operar um negócio sem licença sanitária, por exemplo, é um libertarianismo incompleto, um libertarianismo vulgar, libertarianismo este que os libertários de esquerda se opõem com todas sua força, é importante reçaltar também que Libertários de esquerda são favoráveis de um forma geral a ações diretas e até mesmo táticas como o Black Bloc e também a greves e outros meios não-agressivos.

Temos então o libertarianismo de esquerda como algo diferente do anarcocomunismo e anarco-socialismo (socialismo libertário). As preocupações com os grandes detentores de poder econômico são similares. Porém, ao invés de uma sociedade com abolição total da propriedade privada e da moeda os libertários de esquerda defendem um livre mercado anti-capitalista com seus meios de produção auto-geridos e anti-hierárquicos baseados nas cooperativas como os coletivistas porem cooperativas estas que são privadas e não socializadas um livre-mercado anti-capitalista sem classes sociais nem burguesia uma vez que mesmo as cooperativas privadas estariam totalmente na mão dos trabalhadores e o acumulo massivo de capital se tornaria impossível na anarquia de livre-mercado, estes anarquistas de livre-mercado no entanto não se confundem nem um pouco com liberais ou anarcocapitalistas estes últimas são vertentes radicalmente diferentes e oposições do libertarianismo ou libertáio de esquerda.

A defesa de um livre mercado, entretanto, não se resume a apenas deixar de controlar a economia, mas de pensar um modo no qual cada um possa realmente ser dono de si numa sociedade construída sobre bases igualitárias que diminuíssem as diferenças herdadas por séculos de um sistema que favoreceu poucos em detrimento dos demais, questões de género, e outras opressões como machismo, homofobia e racismo são também de extrema importância para os libertarianistas de esquerda.

Com isto, é totalmente plausível chamar o libertarianismo de esquerda de libertário. O libertarianismo é de esquerda, pois considera os menos favorecidos. Talvez o termo libertário seja um problema semântico apenas para os defensores de um libertarianismo preocupado apenas com as questões econômicas, como Ancaps e libertarianistas de direita que se comparão fácilmente com liberais.

No geral libertário é um termo que é usado por todas variações tanto do anarquismo como de outros movimento, geralmente associados com uma área anti-autoritária da esquerda, Anarco-comunistas, Socialistas Libertários, Anarco Sindicalistas e Mutualistas que hoje usam o termo de Libertarianistas de Esquerda, e utilização deste termo não deixa de ser menos justa para nenhum deles e ambos nunca fizerão uma reivindicação sobre tais termos como se algo pertence-se a eles como alguns novos liberais/libertários de direita costumam fazer principalmente nos atuais grupos de discussão.



Fontes & Informações:

Referências Bibliográficas
KONKIN III, Samuel Edward. Manifesto do novo libertário. Disponível em:http://libertyzine.blogspot.com.br/2007/03/o-manifesto-do-novo-libertrio-samuel.html . Acesso em 24 de Jul de 2013.
FRIEDMAN, Milton. An Interview with Milton Friedman. The Times Herald, Norristown, Pennsylvania; Friday, 1 December, 1978.
GREGORY, Anthony. Left, Right, Moderate and Radical. Lewrockwell.com, 21 de Dezembro de 2006. Disponível emhttp://www.lewrockwell.com/2006/12/anthony-gregory/left-right-moderate-or-radical-libertarian/ . Acesso em 24 de Jul de 2013.
ROSAS, João Cardoso. A concepção de estado de Nozick. Crítica, 2009. Disponível em: http://criticanarede.com/nozick.html . Acesso em 24 de Jul de 2013.
SILVA, Jorge Esteves da. Os Libertários. Disponível emhttp://www.cedap.assis.unesp.br/cantolibertario/textos/0025.html . Acesso em 25 de Jun de 2012.


Contra-Economia

Contra-Economia é um termo originalmente utilizado por Samuel Edward Konkin III e Neil J. Schulman, ativistas teóricos libertários. Konkin definiu a contra-economia como "o estudo e/ou prática de toda ação humana pacífica que é proibida pelo Estado." A contra-economia foi integrada por Schulman1 na filosofia agorista de Konkin, para formar o que eles chamam de uma variante revolucionária das correntes do anarquismo de mercado.

O conceito de contra-economia também é usado em um sentido distinto, mas indiscutivelmente compatível em referir-se ao abordar a justiça social e a questão da sustentabilidade em um contexto de mercado, apesar de ser um modo mais geral de Anti-establishment, em vez de explicitamente ilegal.

Em ambos os sentidos, pode-se incluir formas não-monetárias de troca, como uma economia de escambo, ou uma economia da dádiva.

As primeiras apresentações da teoria da contra-economia foram feitas por Samuel Konkin III em duas conferências organizadas por J. Neil Schulman, CounterCon I em 1974 e CounterCon II em 1975, ambas realizadas em Cheshire, Connecticut. Outros oradores nestas conferências inclúem Robert LeFevre, Kenneth Kalcheim e Dennis Turner.

O primeiro livro a retratar a contra-economia como uma estratégia para se alcançar uma sociedade libertária foi Alongside Night de Schulman, publicado em 1979.

O agorismo de Konkin, como exposto em seu Novo Manifesto Libertário , postula que o método correto para alcançar uma sociedade anarquista de livre-mercado é através da advocacia e do crescimento da economia subterrânea, ou "mercado negro" — a "contra-economia" como coloca Konkin — até o ponto em que percebe-se que o Estado como autoridade moral e poder total foi tão profundamente minado que a revolução anarquista de mercado e as empresas de segurança podem surgir do subsolo e, finalmente, suprimir governo como uma atividade criminal (com a tributação sendo tratada como roubo, e guerra sendo tratada como genocídio, etc).

"A Contra-Economia é a soma de toda a ação humana não-agressiva que é proibida pelo Estado. [...] A Contra-Economia inclui o mercado livre, o mercado negro, a "economia subterrânea", todos os atos de desobediência civil e social, todos os atos de associações proibidas (sexual, racial, inter-religioso), e todo os resto que o Estado, em qualquer lugar ou tempo, opta por proibir, controlar, regular, tributar, ou tarifar. A Contra-Economia exclui toda a ação aprovada pelo Estado (o "Mercado Branco") e o Mercado Vermelho (violência e roubo não aprovados pelo Estado)."

De acordo com Konkin, a contra-economia também admite a libertação imediata do controle estatal, em qualquer nível prático, mediante a aplicação da lógica empresarial para decidir racionalmente quais as leis que discretamente quebra e quando o faz. O princípio fundamental é o comércio de risco para o lucro, embora "lucro" possa se referir a qualquer ganho de valor percebido, não só ganhos estritamente monetários (como uma consequência da teoria do valor subjetivo).

Das práticas de contra-economia incluem-se:

º Evasão fiscal
º Contrabando
º Tráfico de drogas
º Agricultura de subsistência
º Contratar ou ser imigrante em situação ilegal
º Trocas e usar moedas alternativas

º Tráfico de armas



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Carta de uma anarquista sobre amor, escrito em 1928

Buenos Aires, 3 de dezembro de 1928. Ao camarada E.Armand.

Querido camarada:

"A razão para isto é basicamente uma referência. Temos de agir em todos os momentos da vida, de acordo com a nossa maneira de ver e pensar, de modo que censura ou crítica de outras pessoas ao encontrar o nos encontrar protegidos pelos conceitos saudáveis ​​de responsabilidade, liberdade e individualidade em um parede sólida que faz com que esses ataques falhem. Então, temos de ser coerentes com as nossas ideias.

O meu caso, camarada, pertence à ordem amorosa. Sou um jovem estudante que acredita em uma nova vida. Eu acredito que, graças à nossa ação livre, individual ou coletivamente, podemos chegar a um futuro de amor, fraternidade e igualdade. Desejo a todos o que eu quero para mim: a liberdade de agir, de amar, de pensar. Ou seja, desejo a anarquia para toda a humanidade. Acho que devemos pratica-la para alcançar a revolução social. Mas eu também sou da opinião de que, para chegar a essa revolução é necessário estar livre de todos os preconceitos, convenções, códigos morais e falsidades absurdas. E esperando a grande revolução eclode, devemos cumprir esse trabalho em todas as ações e esferas de nossa existência. Para tal revolução vir, além disso, não deve se contentar em esperar, mas também praticar a anarquia em nossa ação diária e vida cotidiana é necessária. Sempre que possível, interpretar a perspectiva anarquista e, consequentemente, humana.

No amor, por exemplo, vai aguardar a revolução. E vamos juntar livremente, sem considerar os preconceitos, as barreiras, as inúmeras mentiras que se opõem a nós como obstáculos. Eu conheci um homem, um companheiro de ideias. De acordo com o direito burguês, ele é "casado". Juntou-se uma mulher seguindo circunstâncias infantis sem amor. Naquela época, eu não sabia de suas ideias. No entanto, ele vivia com a mulher há vários anos e com ela tive filhos. Viver ao lado dela, não experimentar a satisfação que teria sido com a pessoa amada. A vida tornou-se irritante, a única coisa que unia os dois seres eram as crianças. Ainda adolescente, o homem observa as nossas ideias e criou nele uma consciência. Tornou-se um ativista corajoso. Consagrado com ardor e inteligência para propaganda. Todo o seu amor não é dirigida a uma pessoa que oferece ao seu ideal. Em casa, enquanto isso, a vida continua com sua monotonia, alterada apenas pela alegria de seus filhos pequenos. Aconteceu que as circunstâncias se encontraram em primeiro lugar como companheiros de ideias. Nós conversamos, tem que saber e simpatizar. Assim nasceu o nosso amor. Nós pensamos no início que seria impossível. Ele, que tinha amado só em sonhos, e que fez a minha entrada em sua vida. Cada um continuou a viver com a dúvida e amor. O destino, e o amor e fez o resto. Nós abrimos nossos corações e nosso amor e felicidade começou a cantar a sua canção no meio da luta e do ideal, o que lhes deu ainda mais força. E os nossos olhos, nossos lábios, nossos corações foram expressos na magia de um primeiro beijo. Nós idealizamos o amor, mas levando-o para a realidade. O amor livre, que não conhece barreiras ou obstáculos. Essa força criativa que leva dois seres de uma felicidade incansável.

Será que o universo não pode se tornar um refúgio quando duas pessoas que se amam? 


Além disso, sua esposa, apesar de sua relativa simpatia e conhecimento sobre às nossas ideias. Ultimamente ela deu provas de desprezo pela assassinos ordem burguesa, quando a polícia começou a perseguir o meu amigo. Foi assim que a esposa do meu parceiro e eu nos tornamos amigos. Ela não ignora tudo o que representa para mim o homem que viveu ao seu lado. O sentimento de amor fraternal que existia entre eles permitiram-lhe confiar nela. Além disso, deu-lhe liberdade para agir como quisesse, como convém a qualquer anarquista consciente. Até agora, de fato, tivemos uma verdadeira novela. Nosso amor cada vez mais intensificada. Nós não podemos viver completamente em comum dada a situação política do meu amigo e o fato de que eu tenho que terminar meus estudos. Estamos muito frequentemente em vários lugares. Não é esta a melhor forma de sublimar o amor longe das preocupações da vida doméstica? Embora eu tenho certeza que quando há verdadeiro amor, o mais bonito é viver juntos.

Isso é o que eu queria explicar. Mas aqui está alguns juízes foram erguidas. E estes não são pessoas comuns, tanto entre os companheiros, mas tem ideias-se como livre de preconceitos, mas no fundo são intolerantes. Uma defende que o nosso amor é uma loucura; outro afirma que a esposa de meu amigo faz o papel de "mártir", embora ela não ignora qualquer coisa que nos diz respeito, é dono dele e goza de sua liberdade. Um terceiro levanta o obstáculo econômico ridículo. Sou independente, como é meu amigo. Em toda a probabilidade, vou criar uma situação financeira pessoal que vai me livrar de quaisquer preocupações a esse respeito.

Além disso, a questão das crianças. O que as crianças têm a ver com os sentimentos de coração? Por que um homem que tem filhos não pode amar? É como dizer que um pai não pode trabalhar para a ideia, propaganda, etc Que prova acredito que aqueles pequenos seres será esquecido porque seu pai me ama? Se o pai esquecer seus filhos merecem meu desprezo e não haveria mais amor entre nós. 

Aqui em Buenos Aires, alguns camaradas têm amor livre como uma ideia verdadeiramente escassa. Eles imaginam que é só coabitar sem estar legalmente casados ​​e, enquanto isso, em suas casas continuam a ficar todos os absurdos e preconceitos são eles mesmos ignorantes. Na sociedade burguesa, também existe esse tipo de uniões que ignoram o registro civil e da cura. Será que é o amor livre?


Finalmente, criticar a nossa diferença de idade só porque eu tenho 16 e meu amigo 26 Alguns me acusam de perseguir uma operação comercial; outros qualificar-me inconsciente. Ah, esses pontífices do anarquismo! Envolver no amor o problema da idade! Como se isso não fosse o suficiente para que o cérebro dar razões para que uma pessoa seja responsável por seus atos! Além disso, é o meu problema e se a diferença de idade não me importa para mim, por que isso importa para os outros? O que eu amo é a juventude e o espírito, que é eterno.

Há também aqueles que nos tratam degenerar, descrições doentes e outros da mesma espécie. A todos eles eu digo a eles por quê? Porque vivemos a vida em seu verdadeiro sentido, porque nós prestamos homenagem ao amor livre? Por que apenas as aves que iluminam jardins e passeios nos amam, não importa os códigos morais ou falso? Porque somos fiéis aos nossos ideais? Eu desprezo todos aqueles que não conseguem entender o que é conhecer o amor. 

"O verdadeiro amor é puro. É um sol cujos raios ficar cego quem não pode subir as alturas. A vida deve ser vivida livremente. Renda-se à beleza, os prazeres do espírito, o amor, a adoração que merecem. 


"É isso, camarada. Gostaria de sua opinião sobre o meu caso. Eu sei bem o que eu faço e eu não preciso ser aprovado ou adiada. Só depois de ter lido muitos dos seus artigos e concordo com vários pontos de vista, eu teria prazer em ouvi-lo. "

América Scarfo tinha 16 anos quando escreveu esta carta, e do amor que se refere é ninguém menos que Severino di Giovanni. Sobre a relação entre eles, podem ser encontrados no Bayer, Osvaldo, Severino di Giovanni. O idealista de violência, Planeta, Buenos Aires, 1999 Não, a Bayer disse que antes da letra ", a tempestade tinha borrado a relação Severino e América. Ponto comentários, os obstáculos quase intransponíveis para continuar o relacionamento, faça a sua própria crise de situação familiar na América, que você culpa Severino e dizer-lhe que termina o relacionamento ... brawl Como é típico no amor, reunião de apagar tudo SLOS problemas de casamento e selo com mais força. Essa reunião vai carta da América de L'en dehors. Isso era uma espécie de registro que oficializou os sentimentos até agora realizada em privado. "Intitulado Uma experiência, a carta foi publicada em L'en dehors 20 de Janeiro de 1929, juntamente com a resposta de E. Armand: "Companion: minha opinião, pouco importa em termos do que eu transmito o que você faz. Você está de acordo em estreita colaboração com a sua concepção pessoal de vida anarquista ou você discorda? Se você concordar, ignorar os comentários e insultos dos outros e continuar em seu caminho. Ninguém tem o direito de julgar a sua maneira de levá-lo, juntar as mãos, se a esposa de seu amigo era hostil a essas relações. Toda mulher ligada a um anarquista (ou vice-versa) sabe que não deve impor-lhe ou sofrem de uma regra de qualquer tipo. "

Tradução: Vinícius Morgado, para ler o texto original clique aqui


A cultura do estupro e a falácia da moralização feminina



Na última sexta (28/03), Rodrigo Constantino, em seu blog no site da revista Veja, teceu um estranho comentário: “Não tenho dúvidas de que ‘garotas direitas’ correm menos risco de abuso sexual.”

A frase repercutiu e indignou muitos nas redes sociais, especialmente por ter se seguido à pesquisa do IPEA, em que 58,5% dos entrevistados concordaram com a frase “Se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros”.

É verdade que Constantino considerou que o resultado da entrevista era um atraso civilizatório e que a cultura machista ainda é forte no Brasil. Contudo, não percebe que sua mensagem acabou por ser cúmplice dessa cultura nociva. A citação, em contexto, é a seguinte:

"Enquanto a cultura do machismo não desaparece, e a punição exemplar não vem, seria recomendável, sim, que as moças apresentassem um pouco mais de cautela, mostrassem-se um tiquinho só mais recatadas, e preservassem ligeiramente mais as partes íntimas de seus corpos siliconados. Não tenho dúvidas de que “garotas direitas” correm menos risco de abuso sexual."

Constantino comete a falácia de moralizar a explicação para o estupro. Façamos uma comparação: digamos que trabalhadoras do sexo têm maior chance de serem estupradas do que a média das mulheres. Essa é apenas uma questão empírica, de apontar se a prestação de serviços sexuais pode ser um fator de risco, tendo em vista as circunstâncias em que o serviço é prestado.

Agora imagine que falemos o seguinte: “As trabalhadoras do sexo, por estarem agindo imoralmente, têm maior chance de serem estupradas, enquanto as ‘mulheres direitas’, por estarem agindo moralmente, tem menor chance de serem estupradas”. Acrescentar que seja imoral o comportamento da mulher não agrega nada à explicação e, pior, parece tornar o “ter menos chances de ser estuprada” algo meritório, moralizado. Trata-se de uma instância sutil de slut-shaming.

Sarah Skwire observa corretamente que um dos elementos da “cultura do estupro” são argumentos como “a vítima não deveria estar naquele lugar/beber/usar essa roupa/ir a essa festa”.

Como Charles Johnson destaca, nisso se vê a “lei não escrita do patriarcado”: a cultura coloca a mulher em posição de dependência pela interação entre a violência perpetrada por alguns homens e a tentativa de proteção e controle por outros. Os dois comportamentos se combinam para impor regras sobre a vida pessoal das mulheres, limitando sua liberdade. Moralizar a explicação do estupro faz parte desse círculo vicioso.

Constantino poderia dizer: “Mulheres que não saem de casa têm menos chance de serem estupradas”. Será?.E se for estupro por familiares ou conhecidos? então essa frase se torna falsa. Ele poderia dizer: “Mulheres que não bebem têm menos chances de serem estupradas”. Ok, mas só se ele estiver falando do estupro cometido contra uma mulher embriagada, e mas então é a mulher que não deve beber? Ou o homem que não deve estuprar? Mesmo assim ele ainda continua a limitar a liberdade das mulheres.

Estamos num mundo onde mulheres são enganadas com propostas falsas de emprego em outro país e forçadas à prostituição; onde uma mulher pode ser estuprada, apenas porque estava voltando do trabalho tarde da noite; onde uma mulher pode ser estuprada porque sua casa foi assaltada; onde há prostituição infantil e assédio sexual; onde uma menina pode ser colocada em uma cadeia com vários homens pelos agentes do estado; onde um conselho comunitário pode condenar uma menina a um estupro coletivo corretivo; onde uma mulher pode estar no meio da guerra e não ter para onde fugir; onde uma mulher pega uma van com o namorado para se deslocar sem saber quem está dentro dela; onde há familiares, conhecidos e parceiros sexuais mal intencionados.

Em um mundo onde mulheres podem ser estupradas apenas por serem mulheres, Constantino deveria, pelo menos, se retratar de sua moralização inócua.

Edição: Vinícius Morgado
Via: Portal Libertarianismo

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Proudhon e Bakunin: polar opostos?



Proudhon e Bakunin, tradicionalmente, representam dois lados diferentes da moeda da anarquia: o individualista e o coletivista. Enquanto Proudhon acreditava que o “Livre Contrato” é o objetivo da anarquia, Bakunin enfatizava a unidade coletiva como o libertador único do homem. Bakunin é geralmente citado como dizendo o seguinte:

Quão ridículas são as ideias dos individualistas da escola de Jean Jacques Rousseau e dos mutualistas proudhonianos que concebem a sociedade como o resultado do livre contrato de indivíduos absolutamente independentes de um do outro e entrando em relações mútuas somente por causa da convenção elaborada entre homens. Como se estes homens tivessem caídos dos céus, trazendo com eles a linguagem, o arbítrio, a reflexão original e como se eles fossem estrangeiros a qualquer coisa da terra, isto é, qualquer coisa tendo origem social.”


Todavia, o abismo entre eles não era realmente tão grande como é compreendido por ser pelos anarquistas contemporâneos. Certamente não era tão grande quanto a lacuna entre anarquistas coletivistas e individualistas são hoje. Coletivistas contemporâneos geralmente se aderem a alguma forma de Comunismo de Conselho ou Economia Participativa, enquanto individualistas geralmente se inclinam em direção a adoração de mercado dos austríacos (Rothbard e Konkin) ou a boemia hippie da multidão “pós-esquerda” (Zerzan e Bob Black). Eu imaginaria que Bakunin e Proudhon teria aprovado nenhuma destas facções ou, pelo menos, teria tido algumas queixas sérias.

A partir do que li, os esquemas políticos e econômicos de Bakunin são formas mais similares daquelas de Proudhon do que daquelas dos anarco-comunistas. Bakunin acreditava em um sistema de mercado baseado na Teoria do Valor-trabalho, assim como Proudhon acreditava. Ambos tinham teorias sobre um Banco de Câmbio, embora não idênticas. Bakunin também herdou o federalismo de Proudhon. Em meu entendimento, é a ênfase na comunalidade, fazer decisão coletiva e ação coletiva que diferencia Bakunin de Proudhon, completamente separado das dicotomias modernas de “mercado vs comunismo”. Proudhon, embora sendo um apoiador de cooperativas de trabalhadores e de outros empreendimentos cooperativos, não se importava muito por “coletivismo por causa do coletivismo”, isto é, coletivizar uma indústria ou comércio que pudesse ser manuseado individualmente. Bakunin argumentava que trabalho coletivo “aumenta a moral” e é mais eficiente.

O apoio de Bakunin de um sistema de mercado distorce algumas concepções modernas do que é um “livre mercado”. Certamente, existe uma forma de troca e ainda existe salários na forma de notas de ordem de pagamento [N. T.: no original, labour notes], mas é um “livre mercado”? Parece mais como uma forma de democracia descentralizada e comunal social para mim. Alguma coisa interfere e controla a economia; a livre comuna, embora claramente não um “governo”. É um “livre mercado” simplesmente “trocas econômicas sem interferência governamental”, ou está atrelado às concepções das políticas econômicas libertárias de direita? Oh bem, uma coisa é certa; os debates circulantes de assuntos sem estado hoje não são representativos aos debates a respeito de assuntos sem estado no século 19.

O coletivismo bakuninista não é uma ideologia muito difundida hoje, muito embora ela é ainda citada e admirada. Os individualistas não se importam pela filosofia dele e os comunistas não se importam pela economia dele. As ideias de Proudhon viveram, de forma breve, na adaptação de William B. Greene de suas ideias sobre comércio bancário e nosAnarquistas de Boston, mas extinguiram no início do século 20. A falácia é para assumir que, por causa das ideias deles não são discutidas, as ideias não são relevantes.

Assume-se que Kropotkin “desbancou” o anarquismo coletivista de Bakunin em seu ensaio intitulado “The collectivist wages-system”, mas o fato é que não havia realmente ninguém da escola bakuninista para defender o mercadocomunal publicamente, ao menos não em meu conhecimento. Então não é uma enorme vitória. Enquanto Proudhon, é adotado que Böhm-Bahwerk desbancou a teoria do valor-trabalho (aquele que nem abordou Proudhon), que Rothbard desbancou a teoria dele de banco mútuo, embora isso é uma vitória vã, uma vez que realmente não havia nenhum proudhoniano reconhecido para abordar estas críticas. E porque não havia ninguém para responder estas críticaspost-mortem de Bakunin e Proudhon, espantalhos foram mais facilmente permissíveis.


Conforme o estudo da relação entre o coletivismo de Bakunin e o mutualismo de Proudhon, você obtém um senso mais profundo do contexto histórico do que você poderia obter por apenas assumir que Proudhon era um individualista laissez faire e Bakunin um comuna anti-mercado (apesar de eu enxergar de onde vieram essas ideias ). Proudhon e Bakunin eram ambos pessoas únicas e complexas e devem ser tratados como tal. Eles eram antagonistas às vezes, é verdade, mas eles compartilham mais um com outro do que com qualquer outra facção do anti-estatismo moderno.

Por Sushigoat