O que é libertarianismo de esquerda?

O libertarianismo de esquerda, um primeiro passo.

O que é Anarquismo?

Anarquismo e seus primeiros passos no movimento

Bitcoin

Introdução a revolucionário cryptomoeda Bitcoin

Mutualismo: uma introdução

Introdução ao Anarquismo mutualista suas teorias, práticas e ideias.

Mercados Libertos e Anti-Capitalismo

Capitalismo não, Mercados!

Socialismo Libertario, Libertarianismo de esquerda e outros termos

Um esclarecimento sobre o termo libertário e seus constantes erros de tradução e interpretação

sábado, 30 de agosto de 2014

Busca por lucro não significa avanço tecnológico

Quem nunca se debate com o argumento conservador de que sem o capitalismo não existiria tecnologia? O maior argumento deles neste sentido é que sem o capitalismo e sua competição e busca por lucro o desenvolvimento tecnológico seria estagnado ao extremo, bom não é bem assim.

Conforme indicado pelo próprio Adam Smith, o que levou ás invenções foi a possibilidade de ócio e não a ideia de lucro, lucro sempre existiu,  existiram avanços antes do capitalismo, claro, caso isso não acontecesse o capitalismo teria que surgir com a presença de homens das cavernas, porém é claro, a praxeologia explica isso como uma característica humana, a característica de sempre partir de um ponto de menor satisfação para um ponto de maior satisfação. A isso se deu toda a ideia de criar coisas e até mesmo de servos feudais aceitarem e irem para um novo sistema econômico. E é exatamente esse ponto praxeológico que os cientistas, engenheiros e inventores exploram, o homem quer mais conforto, mais tempo de ócio e por isso foi feita a revolução industrial e até hoje tudo acontece em torno disto.

Se a humanidade dependesse de capitalismo para criar coisas e desenvolver-se tecnologicamente, ainda estaríamos escondidos no fundo de cavernas, tremendo de frio, dependendo de caça e coleta de frutos. Porque, muito antes do tal incentivo do lucro, a primeira motivação para a criação, a pesquisa e a descoberta foi a necessidade dos que nos antecederão.



Por: Vinicius Morgado

Ele só quer te comer, Ok eu só quero comê-lo !

Você conheceu um cara incrível ontem. Ele é amigo do namorado da amiga da sua amiga. Não importa, ele gostou de você. Gostou do seu batom vermelho, do seu riso debochado e do cheiro que sentiu quando você chegou perto pra dar um ‘oi’. A malícia nos olhos dele deixou claro que ele sabia o que o seu oi significava: você queria fumar um cigarro, nua, na janela do apartamento dele, enquanto ele adormecia, exaustivamente satisfeito, com os seus gemidos ainda ecoando no quarto desarrumado.

E você – cujos olhos têm malícia também – soube ler no sorriso dele que ele queria mesmo arrancar seu sutiã no final da noite. Sem ter que pedir seu e-mail, nem conhecer sua mãe, nem saber qual é o seu prato preferido e nem te chamar pra jantar no japa.

No fundo, no fundo – e do alto da sua safadeza genuína – pouco te interessa se ele vai ligar no dia seguinte; não te interessa se ele ronca, porque você vai sair de fininho quão logo estiver saciada. Vai fechar a porta devagar e pegar o primeiro táxi. Sem deixar nem um bilhete na geladeira – porque, pra você, foi o suficiente. O agora valeu a pena e não precisa ter depois.

E quando você está quase absolutamente convencida do seu direito – pensando bem, não é um direito, é uma vontade mesmo – de querer só sexo casual, a sua amiga politicamente correta e entediante até a alma, fala alto no seu ouvido (por causa da música contagiante, que seria capaz de te salvar de ouvir aquela asneira): “Cai fora, ele só quer te comer!”

Ele só quer te comer. Como se você tivesse saído pra a noite, com a sua micro calcinha recém comprada e suas boas doses de tequila pra procurar um casamento. Um cara que tivesse um bom emprego e uma mãe menos chata que as sogras que você já teve. Que bebesse pouco e quisesse ter filhos, que não roncasse e também quisesse uma lua de mel em Veneza – porque qual mulher não quer uma lua de mel em Veneza? – ah, é, você não quer. Você só quer transar – e qual é o problema nisso?

Então, junto com essa nossa tão sonhada e, pouco a pouco conquistada liberdade sexual, deveria vir um manual de instruções sobre como se livrar da hipocrisia (e como ensinar isso às nossas amigas certinhas). Pra que toda mulher que quer sexo casual compreenda que não há nenhum desvio de caráter em um homem que quer só sexo casual. E isso quer dizer que não há nada de errado no fato de ele só querer te comer, desde que isso fique claro pra você – é como um ‘li e aceito os termos de uso’ – ninguém engana ninguém e os interesses coincidem.

Então você aprendeu que não há nada de errado em querer sexo casual. E não há nada de errado em um homem só querer sexo casual com você – isso não te faz uma biscate. Isso não significa que você não é digna de alguém que te dê mais que sexo: Pode significar – e significa, muitas vezes – que você simplesmente não quer alguém que te dê mais que sexo. E então, depois de jogar toda a hipocrisia na primeira lixeira pública, encha o peito pra responder à sua amiga politicamente careta: – Ele só quer me comer?! – ótimo. Eu só quero comê-lo também.




sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Mundos virtuais, economia real

Videogames estão a cada dia mais assumindo um papel importante na cultura popular. Se você joga ou acredita que é uma arte, os jogos, sem dúvida, continuarão a ser um componente fundamental da indústria de entretenimento. Mais importante, as ideias libertárias parecem estar aparecendo com força no mundo dos jogos. Estão crescendo, por exemplo, as críticas aos governos e existe uma nova ênfase na relevância da liberdade de expressão e ação.

Para citar dois exemplos, Bioshock Infinite critica o militarismo e o nacionalismo agressivo, enquanto que Assassin’s Creed 4: Black Flag é, em grande parte, uma celebração à anarquia dos piratas. Jogadores mais astutos podem até notar que um animador do jogo Gears of War 3 coloca o lema de Mises, Tu ne cede malis (“Não ceda o mal, mas o combata de forma mais corajosa”) nos créditos do jogo.

São boas notícias não somente para as ideias libertarias em geral, mas também para a educação econômica. A cultura dos jogos é uma nova e vibrante arena onde as boas ideias econômicas têm uma chance real de se firmarem. Já existe debate sobre como as “economias internas” dos jogos emergem e evoluem – particularmente, como lidam com a moeda e a inflação. No entanto, os jogos incorporam a economia em níveis ainda mais básicos. Realmente, os jogadores já estão ajudando a forma econômica de pensar sem mesmo se darem conta. Os jogos são compostos de diversos conceitos econômicos básicos: escassez, escolha, trade-offs, custo de oportunidade, comércio e empreendedorismo. Se pensarmos nos jogos por essa perspectiva, vemos como suas realidades virtuais imitam decisões econômicas do mundo real.

Por exemplo, essencialmente todos os recursos no mundo dos jogos são escassos – daí o grande desafio. Se os recursos ou pontos de experiência fossem ilimitados, não haveria muitas razões para jogar. Mas como os jogadores rotineiramente encaram esses tipos de escassez, eles já estão familiarizados com as limitações que elas impõem e tomaram os primeiros passos em direção ao conhecimento econômico. Escassez significa fazer escolhas e, nesse sentido, os jogos estão inovando muito. Sem dúvida, o aumento do valor agregado dos produtos na indústria de jogos aumentou a qualidade imersiva da jogabilidade. Contudo, são as simulações econômicas que tornam a experiência tão real. Considere jogos como The Walking Dead, o que leva a escassez ao extremo utilizando o apocalipse zumbi como pano de fundo. Em vez do combate, o jogo The Walking Dead se foca em decisões econômicas difíceis: como racionar víveres entre os sobreviventes. Os jogadores ficam emocionalmente envolvidos na história, confrontando a escassez e as escolhas difíceis que têm de ser feitas no decorrer do caminho. As decisões dos jogadores, por sua vez, implicam em trade-offs e custos de oportunidade. Qualquer pessoa que já jogou um RPG conhece bem essa questão; a escolha de alocar dinheiro ou experiência a uma determinada habilidade significa renegar outras. E é um passo até perceber que o verdadeiro custo das habilidades não são os recursos que você gasta para obtê-los, mas as habilidades alternativas que você poderia ter adquirido.

Como cada jogador possui custos de oportunidade diferentes, não são todos igualmente adequados para as mesmas tarefas: entra a importância da especialização e da cooperação social. A cooperação em grande escala está presente de forma massiva em diversos RPG online multiplayer como World of Warcraft e EVE Online, onde as missões mais importantes podem somente ser completadas se um grande número de tipos de personagens diferentes trabalharem juntos. Cada membro do time se especializa em aumentar as forças ou compensar as fraquezas dos outros, produzindo redes complexas de interdependência.

O comércio é outra forma vital de cooperação social, e por meio das interações de centena de milhares (se não milhões) de jogadores, os MMORPGs rapidamente desenvolvem sistemas complexos de escambo e trocas monetárias. O momento de aprendizado acontece quando os jogadores experimentam os benefícios da divisão do trabalho; até melhor, os benefícios da especialização e do comércio são mais óbvios do que em trocas normais de mercado, onde a lógica econômica pode parecer muito abstrata.



A Ditadura do proletariado e os Anarquistas

A "ditadura-do-proletariado" — eis outra invenção de Karl Marx, outra obra autêntica do Marxismo, infelizmente, porém, também má.

Na "Crítica do Programa de Gotha", redigida por Marx em 1875, lê-se: "Entre a sociedade capitalista e a sociedade comunista, estende-se um período de transformação revolucionária, que vai da primeira à segunda. A este período corresponde outro, de transição política, durante o qual o Estado não pode ser outra coisa senão a ditadura do proletariado". Já antes, no "Manifesto Comunista" (1847), escrevera: "O primeiro passo na estrada da revolução proletária é o da ascensão do operariado ao posto de classe dominante. O proletariado aproveitar-se-á do seu domínio político para arrancar, pouco a pouco, à burguesia, todo o capital, para centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, quer dizer nas mãos do mesmo proletariado, organizado como classe dominante".

Mais tarde, Lenin reafirmaria, na sua obra "O Estado e a Revolução", a tese marxista: "Só é marxista aquele que estende o reconhecimento da luta de classes ao reconhecimento da ditadura-do-proletariado". E, mais adiante: "O proletariado necessita do Estado apenas durante certo tempo. A supressão do Estado, como idéia finalista, não é o que nos separa dos anarquistas. O que nos separa deles é que nós afirmamos que, para se chegar a essa finalidade, é indispensável utilizar temporariamente os instrumentos, os meios e os processos do poder político contra os exploradores, assim como, para suprimir as classes, é indispensável estabelecer temporariamente a ditadura da classe hoje oprimida". "O Estado desaparecerá, à medida que desapareçam as classes e não haja, por conseguinte, mais necessidade de oprimir nenhuma classe. Mas o Estado não estará completamente morto enquanto sobreviva o "direito burguês", que consagra, de facto, a desigualdade. Para que o Estado morra completamente, é necessário o estabelecimento do comunismo integral".

Socialismo sempre fora, antes de Marx, sinônimo de sociedade sem classes, isto é, sem classe dominante e classe dominada, ou seja sociedade de homens livres e iguais. Mais tarde, porém, apareceu Karl Marx, que falsificou o socialismo e inventou a "ditadura-do-proletariado", coisa inteiramente estranha ao socialismo. Depois de Marx, veio Lenin, que completou a obra de falsificação do socialismo, revelando-nos, em toda a sua hediondez, a verdadeira fisionomia do marxismo, quando, no seu programa econômico, tornado público às vésperas da revolução de Outubro (de 1917), consignou a seguinte definição: "O socialismo nada mais é do que o monopólio do Estado". Nestas palavras, mostrava-nos Lenin que, sob a capa da emancipação dos trabalhadores, o que os marxistas pretendiam era, nada mais, nada menos, do que estabelecer, não a ditadura do proletariado (pois este, no dia seguinte ao da revolução expropriadora e niveladora, seria a classe única, portanto toda a sociedade), mas a ditadura do partido comunista, que fundaria, como aconteceu, de conformidade com os programas de Marx e de Lenin, um Estado totalitário, mastodôntico, monopolizador de todas as atividades humanas, destinado a triturar impiedosamente, com a sua terrível dentuça, os trabalhadores.



MULHER DE FAVELA E O ABUSO POLICIAL

Os moradores de favelas têm o acesso à educação e informação de qualidade dificultados, e até negados, pelo Estado e pela sociedade, que muitas vezes, se julga superior. Assim, não criando condições favoráveis à compreensão das relações sociais, que permitiria o livre pensamento, levando-o a posicionar-se como sujeito ativo e crítico da realidade social.

Entretanto, nas favelas, todo e qualquer direito é arrancado do cidadão na base do fuzil no peito, do tapa na cara. No caso de nós mulheres, moradoras de favelas, é na base do tapa na cara, tapa na bunda, mãos recheadas de maldades em nossos seios e por debaixo de nossas roupas.

Será que nem direito ao nosso próprio corpo temos mais? Já não basta arrombarem nossas casas com chutes ou invadirem com suas chaves-mestras, vão continuar violando nossos corpos?

O Brasil tem cerca de 6 milhões de mulheres que vivem em favelas, em maior concentração nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo o site Agência Patrícia Galvão. Essas mulheres, em sua maioria, são negras, casadas e mães. Entre elas têm as que contam com trabalho remunerado, as que estudam em alguma universidade, movimentando um montante de 24 bilhões de reais, não esquecendo das que chefiam seus lares.

Mulher não significa inferioridade, ou fraqueza. Na favela, muito menos. No entanto, são essas as mulheres mais agredidas, pelas mãos de policiais.

ABUSOS E HUMILHAÇÕES SÃO FREQÜENTES

Normal não é, e nunca será, mas se tornou parte do cotidiano ver mulheres sendo abordadas, sendo levadas para algum canto onde são abusadas, têm seus pertences danificados, e as vezes, até roubados. Se seus objetos caem no chão, são obrigadas a se ajoelharem para pegar, vigiadas por policiais armados, e sarcásticos, que sentem prazer nesse gesto de humilhação e submissão.

O braço armado do Estado, tem se empenhado na missão de extermínio de pobres, criminalizando moradores de favelas, e perseguindo as mulheres dessas mesmas comunidades.

Em 2009, uma moradora da favela da Mangueira, de 21 anos, acusou um policial de estupro. Ele teria agarrado a jovem em seu quarto, e ali ele a violentou, segurando-a contra o berço de seu filho. Ao ir à delegacia registrar denúncia, a família da jovem se depara com a dificuldade de efetuar o registro, e com a falta de colaboração do comando do BOPE, que se negava a informar quais policiais teriam participado daquela operação.

Se agarram na alegação de que todo morador de favela é bandido, e toda moradora é "puta", "piranha" e mulher de bandido, são dessas coisas que eles chamam as mulheres entre um tapa e outro, entre um chute no guarda-roupas e um facada no colchão da cama. Se posicionam em portas de farmácias e padarias, e sempre que uma jovem entra nesses estabelecimentos, são enormes as chances dela ouvir algo do tipo "até que as putinhas daqui são bonitinhas" ou "quem come essa daí, come bem. Muito gostosa". Como se não bastasse ter que ouvir esses insultos, caso a pessoa cogite a possibilidade de denunciar, pois é o certo, esses policiais ameaçam, levando a vítima ao medo e ao silêncio.

ESTUPRADAS POR POLICIAIS: NOVIDADE?

Dias atrás caiu nos ouvidos de muitos, nas folhas de alguns jornais, e na tela de muitas TVs, o caso de 4 policiais que participaram do estupro coletivo de 3 jovens, na favela do Jacarezinho.

O "quase inacreditável" desses trágicos acontecimentos, é que uma grande parcela da população tenta justificar esse terrorismo estatal, com um discurso ofensivo, machista e fora de suas realidades, dizendo que "os policiais não têm culpa, pois as mulheres das favelas são todas putas e dão mole na cara de pau".

A sociedade também tem suas mãos sujas de sangue quando insiste em transformar a vítima em culpada, assim, permitindo que isso continue acontecendo.

As mulheres são vítimas explícitas de abusos policiais nas favelas, e muitas vezes, se vêem abandonadas, enfrentando sozinhas o martírio diário, que é apenas ser quem são.





Noticia sobre obrigatoriedade de mudança de sexo em crianças é MENTIRA

Mais um texto religioso fundamentalista mentindo sobre o projeto de lei de identidade de gênero (também conhecido como lei João W Nery) - que é quase uma cópia da lei aprovada na Argentina, promulgada pela presidenta Cristina Kirshner em 2012, que aliás, muitos outros países possuem lei similar conferindo o direito às pessoas trans* serem reconhecidas como cidadãs oficialmente.
O texto do projeto nada fala que crianças mudarão de sexo muito menos mudanças a força ou impostas, e sim que menores que não tenham o apoio dos pais, como é o caso de muitos adolescentes trans*, devem ter o direito a terem suas identidades de gênero respeitadas - e ter sua identidade respeitada significa respeitar a sua dignidade e reconhecer oficialmente o seu gênero real - e não o imposto - em seus documentos, e nesse caso em específico, quem irá julgar será um juiz observando o Estatuto da Criança e do Adolescente e evidentemente os direitos à personalidade dispostos na Constituição Federal, que por um acaso também abarcam as pessoas menores de idade.
Ninguém obrigará ninguém a se submeter à cirurgias, agora, fingir que crianças e adolescentes não são agredidas e desrespeitadas pelos seus pais por serem pessoas trans* é fingir que vivemos numa nuvem de algodão doce. Adolescentes que vivem uma quase vida dado que não possuem o direito de terem suas identidades reais reconhecidas em seus documentos, o que resulta em discriminação em diversos (ou todos) espaços públicos, causando-lhes muitas vezes depressão, auto-isolamento do restante da sociedade e até mesmo o suicídio.
Além do texto falar em ditadura gay sendo que transexualidade nada tem a ver com homossexualidade. Transexualidade diz respeito à construção identitária de gênero, homossexualidade diz respeito à orientação sexual, são campos distintos.
Às vezes penso se tratar de ignorância sobre as identidades trans*, mas como eles colaram o texto do projeto de lei, ou só pode ser transfobia explícita ou precisam urgentemente de aulas de língua portuguesa, devem ter pego o diploma sem nunca terem assistido a parte que a professora ou professor falavam de interpretação de textos.



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Não! Eles não são eternos

As vezes quando não temos um estudo aprofundado em história, ou dormimos nas aulas por achar que quem vive de passado é museu, temos a falsa impressão de que vivemos em um sistema que sempre foi assim e sempre será mesmo com seus problemas e suas imperfeições, porem este não é bem o caminho, a verdade é que a queda de sistemas econômicos e modelos de organização na história da sociedade são bem mais comuns do que se pode imaginar, basta olhar para o passado, já passamos por impérios, monarquias e ambos foram destruídos senão por revoluções foram por colapsos causados por suas contradições, insustentabilidade ou má administração.

Hoje existem diversas ideologias, diversos modelos econômicos que cairão ou nunca foram vigentes,alguns pelo menos não em grandes territórios, mas isto não é algo ruim, por um bom motivo, estamos evoluindo em questão organizacional, sistemas vão sistemas vem e todos fazem parte de um organismo em desenvolvimento e portanto alguns cairão ou pelas mãos de um povo abandonado ou pelas sua próprias contradições, e darão lugar a novas experiências e novos modelos e assim segue este organismo, o erro que muitos comente, especialmente uma parte conservadora da sociedade, é achar que se não fizermos nada podemos conservar a forma atual ou pior achar que a forma atual de organização é o fim da linha, e o desenvolvimento total deste organismo, não existe "desenvolvimento total" e isto é no mínimo ingenuo, assim como as monarquias europeias, os impérios, a revolução francesa, a revolução russa, a luta contra os colonizadores no EUA, o capitalismo também faz parte deste organismo e não será infinito muito menos esta pré-destinado a isto, estes modelos de organização são criações artificiais eles não são "naturais" ou divinos, nós os criamos e ao longo da histórias nós os destruímos e reconstruímos diversas vezes, e podemos fazer isto quantas vezes necessário foi o povo que construiu tudo que temos e pode construir novamente o construtor não deve temer ruínas se assim for necessária fazes-las para mudança.

Ruínas do castelo de Turégano, Segovia, Espanha
Fonte da Imagem: http://adf.ly/rYsAQ

domingo, 24 de agosto de 2014

Anarquistas unidos jamais serão vencidos

A anarquia é realmente uma ideia incrível.


Estive pensando ultimamente sobre como as diversas estratégias anarquistas, essa grande variação do tema “faça valer sua liberdade agora” que em compassa desde a ação direta anarco-sindicalista até o agorismo de Sam Konkin, passando pela propaganda pelo ato e pelo Do It Yourself punk, poderiam se combinar de maneira a tornar a atual sociedade de classes cada vez menos interessante e mais impraticável, eliminando privilégios políticos, econômicos e sociais no processo e fomentando a ajuda mútua entre seres humanos.
Pode parecer um tanto complicado conciliar os objetivos específicos de anarco-sindicalistas, anarco-coletivistas, anarco-comunistas e anarco-individualistas (estes últimos um tanto mais), entre outrxs anarquistas, de maneira que todos os grupos atinjam esses objetivos e ao mesmo tempo colaborem entre si. No entanto, creio eu que devido aos objetivos em comum serem muito mais amplos e numerosos, acho que a solução é bastante simples, pois as instituições que cada escola anarquista desenvolveu são complementares. Vou procurar delinear aqui como os anarquistas podem formar uma coalizão coerente para derrubar o sistema estatista-capitalista atual.

Vou iniciar com as instituições propostas pelo anarquismo individualista na tradição mutualista, visto que são as com que eu tenho maior intimidade. A idéia central do mutualismo é estabelecer o controle do processo produtivo pelos trabalhadores através da dispersão do capital na sociedade. Proudhon defendia que cada indivíduo possuísse um meio de produção, individual ou coletivamente com outros por via de contrato, e Kevin Carson delineou em “Homebrew Industrial Revolution” algumas das maneiras como as tecnologias atuais de produção doméstica e materiais de hobby podem ajudar a realizar esse ideal.


Não é difícil imaginar como o atual capitalismo monopolista, cada vez mais burocrático, hierarquizado e centralizado, contando com a intervenção estatal para manter os concorrentes fora do mercado, cria sérios incentivos para que as pessoas busquem cada vez mais maneiras para sair da rotina acachapante da escravidão assalariada. Uma breve investigada no estilo de vida dx habitante médix de uma metrópole qualquer vai demonstrar esses incentivos.


Assim, pode-se imaginar que cada vez mais pessoas vão buscar adquirir algum meio de produção pessoal, no começo presumivelmente anarco-individualistas comprometidxs com a causa, mas depois outrxs sem qualquer filiação ideológica buscando apenas mais independência. Tecnologias como o computador pessoal, impressoras 3D e ferramentas CNC, cada vez mais acessíveis, podem ajudar bastante, mas uma boa e velha horta em qualquer pedaço de terra que se consiga é o suficiente para começar.


Estxs trabalhadrxs independentes vão inicialmente produzir para o mercado em geral, de certo. Mas o mercado em geral está submetido à taxação governamental, uma espoliação de seu trabalho tanto quanto o lucro monopolista, e é do interesse destxs revolucionárixs subverter este estado de coisas. 


Uma engenhosa contribuição cripto-anarquista recente, as moedas virtuais, pode vir em seu auxílio nesse sentido. Estxs produtorxs independentes podem formar redes de ajuda e comércio mutual trocando seus produtos através de BitCoins (ou qualquer outra moeda, quem saber uma Labor BitNote?), que são desregulamentadas e irregulamentáveis. Contanto que todas as transações sejam feitas dentro da rede e com moedas virtuais, é impossível rastreá-las, regulá-las ou sequer cobrar impostos sobre elas.

Uma tal rede de produtores independentes estabelece ainda um novo incentivo: trazer mais produtorxs para a rede. Quanto mais produtos e serviços puderem ser oferecidos dentro da rede, menos dependente da economia formal xs produtorxs estão. Como fazer isso? Novamente as idéias mutualistas vêm em nosso auxílio: o estabelecimento de um banco mutual, como proposto por Proudhon e William Greene, que empreste capital a juros quase nulos (ou pelo menos infinitamente menores dos que o do atual cartel de bancos o faz) através de moedas virtuais. Um tal banco seria capaz de financiar a aquisição de meios de produção por uma parcela ainda maior de pessoas descontentes com o sistema econômico atual.

Com o aumento da rede de produtorxs, e com as relações de confiança mútua fomentadas pelo banco mutual, processos produtivos cada vez mais complexos podem ser organizados através de cooperativas e projeto p2p, entre outros tipos de colaboração, tornando essa rede cada vez mais independente da economia formal. Conforme essa rede ficar mais forte e resiliente, mais ações poderiam ser tomadas dentro dela, como escolas, auxílios a pessoas em dificuldades, tratamento médico e transporte coletivo.

Okay, até esse ponto eu descrevi um maneira de começar uma economia paralela dentro da economia atual, como defendido pelos mutualistas e agoristas. Vamos agora colocar um pouco de tempero de outras escolas anarquistas nesse feijão.


Anarco-sindicalistas defendem o estabelecimento de uma auto-gestão democrática dxs trabalhadorxs no ambiente de trabalho, a ser atingida através da ação direta e da solidariedade entre a classe trabalhadora. Podemos ver claramente como a rede de produtorxs independentes descrita acima teria um enorme espaço para o estabelecimento de sindicatos e federações descentralizada através de cooperativas. Mas vamos examinar a possibilidade de, através de sindicatos na indústria formal, trazer as atuais corporações ao controle trabalhista da produção.

Seguindo as táticas de ação direta dos Wobblies no seu panfleto clássico “How to Fire Your Boss?”, os trabalhadorxs nas mais diversas indústrias podem, através de organizações diretas e descentralizadas, ganhar um enorme poder de barganha frente à administração dessas indústrias. Quanto maior tal poder de barganha, mais próximo do ideal de auto-gestão democrática elxs estão. As constantes rupturas na produtividade dessas indústrias ferirão sistematicamente o lucro do capitalista, e se forem suficientemente imprevisíveis e orquestradas, terão pouco efeito sobre os trabalhadores, mesmo se levando em consideração a provável intervenção estatal em favor do capitalista por meio da polícia.


Uma ação concomitante que pode ocorrer, dada essa ruptura na produção e a consequente diminuição do valor de mercado da empresa, é a gradual tomada, por parte dos trabalhadores individualmente ou como um coletivo, das ações em bolsas de valores das empresas envolvidas. Tal compra de ações conferiria cada vez mais controle sobre o ambiente de produção, e poderia ser financiada através dos bancos mutuais descritos acima.
Uma vez que um certo ambiente de trabalho tenha sido totalmente colocado sobre a auto-gestão direta dos trabalhadorxs, os produtos dele podem ser trocados dentro da rede de produtorxs independentes em bases mutuais. Isto adicionaria grandemente à estabilidade e ao bem-estar de todos dentro da rede, uma vez que uma grande quantidade de pessoas está agora conectada. Vemos agora que tanto mutualistas quanto anarco-sindicalistas podem conseguir muito de seus objetivos específicos, e ao mesmo tempo avançar seus objetivos comuns, trabalhando juntxs contra o capitalismo. Vamos tentar expandir isso para incluir mais algumas escolas anarquistas.

A questão agora passa pela reorganização de espaços geográficos. Dessa maneira, provavelmente as ações destxs anarquistas teriam que começar em locais ocupados no campo ou na cidade a fim de estabelecer commons, ou então da reunião voluntária de diversos trabalhadorxs que produzissem ou residissem nessas áreas.


O anarco-coletivismo, fortemente conectado com as idéias de Mikhail Bakunin, defende uma forma de organização social muito parecida com uma sociedade organizada em volta dos sindicatos descritos acima. Uma vez que esses sindicatos adotassem um política de pagamento de salários (mais propriamente falando, uma divisão da produção) baseada na quantidade de trabalho executado por cada um de seus membros, possivelmente através das Labour BitNotes aceitas em toda a rede de produtorxs independentes, seria um pulo para se organizar comunas anarco-coletivistas. Imagino que tais comunas seriam sociedade descentralizadas, localizadas nos entornos das indústrias sindicalizadas, com as devidas organizações sociais sendo todas de cunho coletivo. Diversas destas comunas, também conectadas à rede de produtorxs independentes, poderiam se coordenar entre si e com estes produtores para fornecer a seus membros produtos e serviços que não estivessem disponíveis localmente.

Uma outra possível organização destas comunas seria em torno dos princípios do anarco-comunismo, cujo principal teórico, Piotr Kropotkin, defendia o fim dos salários e uma divisão dos produtos do trabalho de acordo com as necessidades individuais em vez da quantidade de trabalho (uma ótima descrição de uma tal sociedade é o livro “The Dispossed” de Ursula LeGuin). Para isso, bastaria que os sindicatos abolissem os pagamentos e a utilização de qualquer moeda, e que fossem criados sistemas de distribuição comunais.


No sentido econômico, as comunidades anarco-comunistas estariam fora da rede de produtorxs independentes, visto que não haveriam trocas sequer em moedas virtuais. Mas certamente elas estariam conectadas por meio de laços de confiança e auxílio mútuo. Por exemplo, a rede poderia fornecer produtos e serviços gratuitamente através daqueles membros que assim o desejassem.

Outros modelos de integração das diversas comunidades e instituições anarquistas até aqui descritas podem ser pensados para harmonizar com os interesses específicos de anarquistas verdes, anarco-naturistas e quem sabe até anarco-primitivistas!


Em conclusão, eu gostaria de incluir um último pensamento, de um liberal clássico com seríssimas tendências anarquistas, Gustave de Molinari. Conforme essa intricada rede de produtorxs e comunidades independentes fosse simultaneamente sendo desenvolvida através das ações diretas dxs anarquistas, cada vez mais ela estaria na mira do estado capitalista e de suas forças armadas. O século XX nos mostrou do que essas instituições são capazes ao promover o horror e a violência. Não é difícil de imaginar que essa rede revolucionária precisaria de proteção.

Molinari propôs, ainda no século XIX, que os serviços de proteção e de resolução de conflitos fossem fornecidos por (!) produtorxs independetes, e não por uma instituição monopolista como o estado. Certamente nossa rede de produtorxs independentes poderia conter pessoas interessadas em prestar esses serviços. Também, diversos tipos de organizações descentralizadas e comunitárias de proteção e resolução de conflitos poderiam surgir nas comunas anarco-coletivistas e anarco-comunistas, a fim de protegê-las dos perigos mortais do estado, e poderiam  colaborar com os produtorxs independentes da rede, em caso de micro-ocupações ou até mesmo pequenas hortas auto-geridas poderiam ser protegidas por anarquistas adeptos a táticas como o Black Bloc, assim como esta tática é usada para defesa de militantes, ativistas e manifestantes em protestos pelo mundo.


Enfim, meu ponto central aqui foi que unidos, em uma coalizão coerente, xs anarquistas de cada escola podem, através de ações concretas derivadas de suas próprias tradições, avançar tanto suas causas comuns de derrubada do capitalismo e do estatismo, quanto suas causa específicas, no mais genuíno espírito de ajuda mútua!





Por : Uriel Alexis

CASO SANTIAGO (UMA ANÁLISE DE FATOS)

ONDE TUDO COMEÇOU?
No dia 06/02/14, ocorreu um protesto no final da tarde contra o aumento da passagem (Candelária x Central), onde, após policiais militares dispersarem manifestantes do interior da Central do Brasil, o cinegrafista, Santiago Ilídio Andrade, da Rede Bandeirantes foi atingido na cabeça por um 'rojão de vara'.
- Registro da Mídia Informal: http://youtu.be/ZkB8QHpIaXQ
- Fotos do 'rojão de vara': http://migre.me/l6dGY
Durante a dispersão ainda era boato o que acontecera com o cinegrafista, aconteceu outra tristeza. Carlos Ailton, camelô na Lapa, foi atropelado por um ônibus e não resistiu. Vale ressaltar a solidariedade de dezenas de manifestantes em tentar ajudar-lo.
- Registro do Suburbio RJ: http://youtu.be/kOrfY6iii6U
- Em memória do Carlos: http://migre.me/l6dA7
Com a grande repercussão feitas pelas mídias marrons, o vídeo que mais circulava era da Tv Brasil, na qual durante uma reportagem que noticia o momento em que o suspeito larga o objeto, que seria o 'rojão de vara', no chão.
- Análise com Mauro Ricart reproduzida pela Tv Brasil:http://youtu.be/mU7I4_BoS5g
No dia 10/02/14, a morte dele foi confirmada e noticiada. Todos tristes e abalados com a notícia. Era hora de refletir. Por que aconteceu?
Será que nós, ativistas, gostamos de nos arriscar assim? Ir para rua sabendo da forte repressão da polícia? Todos nós sabíamos que já tinham tido vítimas durante protestos, inclusive aqui no Rio de Janeiro, o ator e guerreiro, Fernando Cândido. Por que, mesmo com o número de manifestações crescente desde junho de 2013, o governo não escutou nenhuma de nossas pautas?
Mensagem do Fernandão no hospital: http://youtu.be/kUd43YpCmQQ
Também sabemos dos ataques de policiais à jornalistas e cinegrafistas, onde o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro tomou posição e cobrou das autoridades mais segurança.
22/10/13 - Nota pública em repúdio à violência contra jornalistas (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro):http://migre.me/l6hcG
11/03/14 - Nota pública em repúdio à violência policial contra jornalistas (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro):http://migre.me/l6hvk
Refletindo mais... então, porque o Santiago não estava usando um equipamento de segurança? Isso nos faz lembrar da Rede Bandeirantes. Será que ela ofereceu ao seu empregado um mínimo de segurança?
No dia 06/11/11, Gelson Domingos, também era cinegrafista da Rede Bandeirantes enquanto fazia uma cobertura jornalística da operação que os batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (Bope) faziam na Favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, o cinegrafista foi enviado à uma zona de guerra com um colete de categoria II-A (9 mm; 40 S&W). Infelizmente ocorreu a fatalidade, Gelson foi atingido no peito por um tiro de fuzil e o colete foi perfurado.
Voltando ao real assunto. Após a divulgação da repercussão, apareceu o primeiro suspeito, Fábio Raposo. Não vestia preto, para a infelicidade da mídia. Agora é aonde tudo começa. Apareceu a figura principal, Jonas Tadeu, o primeiro advogado do Raposo. Ele foi advogado de Natalino Guimarães, ex-deputado estadual no Rio de Janeiro e miliciano cuja prisão foi fruto da CPI das Milícias, comandada por Marcelo Freixo.
Fábio Raposo, em depoimento à polícia, afirmou que quem acendeu o explosivo foi Caio Souza, que se entregou à polícia no interior da Bahia. Ainda lembrando que a Globo estava no mesmo avião que o advogado e os oficiais enviados para capturarem Caio.
Estranhamente o Jonas Tadeu, advogado do Fábio, assumiu também a defesa do Caio. Pela primeira vez na história do direito um sujeito 'dedurado' contrata o mesmo defensor do sujeito que o 'dedurou'. E isso ocorre não por razões pessoais, mas sim porque as teses de defesa são conflitantes! Um acusado, para reduzir a sua pena ou até para ser absolvido, vai tentar comprovar que a responsabilidade pelo ato criminoso é do outro. Por isso é absurdo que ambos sejam defendidos pelo mesmo profissional, pois sendo a tarefa do advogado a de usar todos os meios para defender os interesses de seus clientes, isso se torna impossível se o interesse de um conflita com o interesse do outro.
No dia 13/02/14, durante uma entrevista à Globo News, Jonas Tadeu diz que Caio estava planejando ir para o exterior e que ele o demoveu dessa ideia. (HÃ??) Um dos motivos que embasam as prisões preventivas é justamente o receio de que o acusado fuja. A função de um advogado que esteja realmente interessado em defender o seu cliente é tentar soltá-lo o mais rápido possível, não denunciar seu paradeiro.
No dia anterior, durante uma entrevista à Rádio Jovem Pan, Jonas Tadeu disse: "O Caio é um jovem miserável, muito pobre. Esses jovens são aliciados por grupos, recebem ajuda financeira, uma espécie de mesada para participar dessas manifestações, nesse sentido de terrorismo social". Como que Caio então poderia planejar fugir para o exterior do Brasil?
Com essa entrevista, a mídia e o governo conseguiram o que queria, com mais um absurdo no direito de defesa. Jonas ainda continuou...
Segundo o advogado, em entrevista à GloboNews, os jovens pobres chegam a receber R$ 150 por protesto. De acordo Tadeu, ônibus iam buscar jovens moradores de áreas pobres para participar dos protestos. Ainda durante a entrevista, Tadeu sugeriu que a entrevistadora investigasse partidos políticos, deputados e vereadores que teriam participação no aliciamento dos jovens para participar dos protestos. Segundo a defesa de Souza e Raposo, os rojões, máscaras e o dinheiro são entregues por quem alicia esses jovens.
A afirmação de que o Caio recebia 150 reais para participar de manifestações é um desastre para a defesa. Pode ser bom para a luta política contra as manifestações, etc. Mas para o acusado, e é dever do defensor defender o acusado, essa informação é catastrófica. Gera uma qualificadora caso ele venha a ser condenado. Homicídio já dá uma pena alta. Homicídio por motivo fútil (receber 150 reais) dá uma pena ainda maior.
Em meio à essas declarações, veio à tona a planilha de doações da Operação Mais Amor, Menos opressão voltada para moradores de ruas que aconteceu na época natalina. Um ato que deveria ser lindo, clima de festa e inclusão, mas a sociedade já estava tão alienada e criminalizando fortemente os movimentos sociais que entrou rapidinho na cabeça das pessoas que aquilo fosse um crime. Estava criado o bode expiatório perfeito.
No dia 09/02/14, aconteceu o inexplicável com o jornalismo. A seguinte manchete ganha repercussão nacional: "Estagiário de advogado diz que ativista afirmou que homem que acendeu rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo".
Jornalismo ZERO! E assim, começou a grande perseguição à Elisa Quadros e a associação de manifestantes com formação de quadrilha e terrorismo.
Após essa manipulação jornalística, ontem, dia 19/08/14 foi julgado que Caio Silva e Fábio Raposo irão à júri popular e continuarão presos.
Nada que o Jonas Tadeu falou foi provado até hoje, nem pagamentos, nem envolvimento de partidos e Black Bloc's, nem ônibus que buscam manifestantes em casa. Jonas não denunciou nomes, não denunciou partidos específicos, apenas especulou em entrevista, sem nenhuma prova de nada, fazendo seu papel midiático.
Caio e Fábio responderão por homicídio triplamente qualificado, com intenção de matar, podendo pegar até 30 anos de prisão. Dois rapazes, sem antecedentes criminais, sem histórico de conduta violenta, sem intenção de dolo, condenados a 30 anos de cadeia por um show da mídia.
Muito provavelmente se o mesmo fato acontecesse fora do envolvimento de manifestações, os dois estariam sendo julgados por um crime culposo, que não há intenção de matar. E muito provavelmente estariam respondendo em liberdade. Não estamos aqui diminuindo a perda da família de Santiago, nem queremos defender que ninguém saia impune do que faz. Mas defendemos que todos tenham direito a julgamento justo.
Vale ressaltar aqui que o caso dos dois está sendo usado contra outros manifestantes, no inquérito "Firewall" de 3 mil páginas. Até aonde o Estado vai para calar a voz do povo, para que tudo permaneça como está?
Vale destacar, que este processo "Firewall" de 3 mil páginas incluía um mandato de busca ao Filósofo Russo Bakunin morto à um século.
Ninguém fica pra trás.




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Entenda a crise na USP

Ao contrário do que diz o Reitor Zago, as causas da Crise Financeira da USP são muitas. Nenhuma delas, responsabilidade dos que estudam e trabalham para garantir as atividades vitais de produção de conhecimento na USP.

Como denunciou a ADUSP (Associação dos Docentes da USP), as Universidades Estaduais Paulistas tiveram quase 2 BILHÕES DE REAIS sonegados pelo Governo do Estado de São Paulo nos últimos 6 anos. Trata-se de uma Verba destinada às Universidades por uma Lei Estadual.

Nos indigna o fato do Reitor Zago, mesmo tendo mandado uma carta à toda Universidade de São Paulo, culpabilizando os salários dos funcionários e professores, mesmo recebendo um supersalário ilegal, de valor superior ao do Governador do Estado, ter omitido essas informações. Onde está a transparência, Zago?



Conforme noticiado no Informativo Adusp 379, as universidades estaduais paulistas deixaram de receber do governo do Estado, só em 2013, R$ 540,41 milhões, devido a manobras contábeis. A Tabela I, abaixo, indica os valores nominais deixados de receber entre 2008 e 2013. Cabe lembrar que além dos descontos indevidos dos montantes destinados à Habitação e ao programa Nota Fiscal Paulista (NFP), as alíneas de execução orçamentária desconsideradas pelo governo no cômputo dos 9,57% devidos à USP, Unesp e Unicamp são as seguintes (ver nos parêntesis sua identificação formal):
  1. Multas e juros de mora do ICMS (1911);
  2. Multas e juros da dívida ativa do ICMS (1913);
  3. Multas por infração do regulamento do ICMS (1919 50);
  4. Receita da dívida ativa do ICMS (1931 15);
  5. Outras receitas, provenientes de acréscimo financeiro sobre ICMS não inscrito, referentes aos programas de parcelamento incentivado (PPI) e de parcelamento especial (PPE) (1990 99).

Tabela I - Valores não repassados às universidades estaduais paulistas - 2008-2013 (em R$ milhões)


Devido à inflação, não é adequado simplesmente somar os totais não repassados às universi­da­des entre 2008 e 2013; mas, ape­nas para se ter uma ideia, o valor nominal devido pelo governo do Estado a estas instituições no período é R$ 1,776 bilhões!
Contudo, utilizando-se o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas é possível obter uma melhor estimativa do total atualizado para 2013, em R$ milhões (ver Tabela II).
Tabela II - Estimativas do que não foi repassado às universidades paulistas - 2008-2013 (em R$ milhões)

Ou seja, uma estimativa que leve em conta apenas a evolução inflacionária média do período em questão indica que entre 2008 e 2013 o governo deixou de repassar às universidades estaduais paulistas o mon­tan­te de R$ 2 bilhões!
Esta questão é central na nossa luta, tanto com o governo do Estado, quanto com o Cruesp, que vem se subme­tendo a esta prática política. Assim, será necessário intervir com energia no debate da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, para reverter a sonegação de recursos para a educação superior pública paulista.
Ataque ao ensino, pesquisa e extensão?
Imediatamente, ocorre-nos indagar: será que o análogo não estaria acontecendo com a Fapesp? É bom lembrar que, fruto da nossa luta, a Constituição Paulista de 1989 destina 1% da receita de impostos do Estado de São Paulo a esta fundação pública. O governo está fazendo a conta direito? Estaria utili­zando o mesmo método que com as universidades estaduais? Registre-se que qualquer resposta a esta questão não deixa de ser muito interessante... Se a resposta for sim, a conclusão óbvia é a de que parte impor­tante da capacidade pública insta­lada de ensino, pesquisa e extensão está sendo atacada; se a resposta for não é impe­rioso questio­nar: por que só as universidades estariam sendo vítimas desta política?
Em tempo
Muito embora o Fórum das Seis tenha protocolado em 28/3 suas reivindicações de data-base 2014 e insistido sobre a importância de iniciar as negociações o mais cedo possível (propusemos várias datas, ainda em abril), até agora o Cruesp dispôs-se apenas a agendar uma reunião para 12/5, após reunião das respectivas comissões técnicas em 8/5. Lutar na Assembleia Legislativa de São Paulo? Enfrentar o governador em defesa das universidades estaduais? A ver... Se a história é guia, a proposta da administração será apenas arrocho de salários e de verbas de custeio e manutenção das atividades fundamentais de ensino, pesquisa e extensão.

Fontes
http://adf.ly/rPGTP
http://adf.ly/rPGUm
http://adf.ly/rPGWF


Crise da água e a culpa dos baldes

Por todo o estado de São Paulo temos visto uma crise de água no últimos dias que tem preocupado e até mesmo atrapalhado muito gente, a falta de água é uma coisa prejudicial isto é óbvio, é no minimo respeitoso eu diria até mesmo romântico a economia de água, a reciclagem de lixo etc, porem vamos admitir; o consumo de nossas casas e suas torneiras não é o maior problema e estas ações diárias de "economia de água" também não são a solução para este problema.

2014, século 21 e já esta na hora de perceber que não é a torneira aberta na hora de lavar a louça ou a torneira aberta no escovar dos dentes que faz toda essa diferença ou este desperdício e é a culpada pela escassez de água, relacionar baldes de água com desperdício e afirmar que esta é uma das rações pela falta de água no estado e em diversos outros lugares é realmente ignorante e motivo para divorcio.

São em muitas vezes, senão em todas, nossos hábitos consumistas que fazem escoar água através das cadeias de produção industrial e agroindustrial.

Já ouviram falar em Pegada Hídrica? Pois bem as pessoas utilizam muita água para beber, cozinhar e lavar, mas ainda mais para a produção de alimentos, papel, roupas de algodão, etc. A Pegada Hídrica é um indicador do uso da água que analisa seu uso de forma direta e indireta, tanto do consumidor quanto do produtor. A Pegada Hídrica de um indivíduo, comunidade ou empresa é definida como o volume total de água doce que é utilizado para produzir os bens e serviços consumidos pelo indivíduo, comunidade ou produzidos pelas empresas.

Portanto quando consumimos exacerbadamente estes bens de consumo a água utilizada no processo de criação destas mercadorias é catastroficamente maior, no geral se comparado a água utilizada para a criação dos bens de consumo que usamos e jogamos fora é extremamente maior e representa um maior perigo em questão de escassez do que a água usada em nossas casas ou para nossas piscinas e calçadas, porem é claro em época de escassez economizar esta água ou não joga-la fora por qualquer motivo é no mínimo um bom senso, mas esta não é a causa da escassez e mudar estas hábitos de nada adianta sem antes uma mudança drástica e sustentável destes "meios de produção".



Fontes
http://adf.ly/rOkcB
http://adf.ly/rOkac
http://adf.ly/rOkZU

domingo, 17 de agosto de 2014

Legalizar o aborto?

A pesquisa da UNB de 31/05/2010 revelou que as mulheres que abortam no Brasil somam cerca de 5 milhões. Dentre o total de mulheres que declararam na pesquisa já terem feito pelo menos um aborto, 64% são casadas e 81% são mães. “A mulher que aborta é uma de nós. Ela é a sua irmã, ela é a sua vizinha, ela é a sua filha ou a sua mãe”, define Débora Diniz. A classe social não interfere na decisão. Do total de mulheres que abortaram, 23% ganham até um salário mínimo, 31% de um a dois, 35% de dois a cinco e 11% recebem mais de cinco. “Pobres e ricas, todas abortam”, afirma a professora.

Não foram registradas mortes por aborto no Uruguai desde sua legalização


Estes dados mostram o quanto é urgente um debate amplo e consciente sobre o aborto no país, as mulheres que abortam não são minoria ou paranormais, não são solteiras, ateias ou adolescentes: a maioria é casada, tem filhos e religião. Mais de 50% delas têm entre 30 e 39 anos.

Atualmente o aborto é permitido por lei em: casos de estupro, risco de morte para a gestante e anencefalia, o aborto inseguro ou clandestino é a quinta causa de morte materna ou pré-natal do país, De acordo com o CFM, “o abortamento é uma importante causa de mortalidade materna no país, sendo evitável em 92% dos casos” e as complicações causadas pelo precedimento representam “a terceira causa de ocupação dos leitos obstétricos no Brasil.

Em 2001, houve 243 mil internações na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) por curetagens pós-abortamento”, não estamos dizendo que este é um procedimento legal, no sentido valorativo. Não estamos falando em apologia. Aliás, quem já acompanhou ou soube de alguma colega, amiga ou familiar, que recorreu ao procedimento, sabe que não se trata disso. A questão é que atualmente milhões de mulheres recorrem ao procedimento e milhares delas morrem. O pior ainda é saber que as mulheres podem ser presas por isso. Se você está lendo este texto e é contra a legalização do aborto, eu pergunto: você é favorável que as mulheres que recorreram a isso sejam presas?

Esta restrição é prejudicial à todas as mulheres, mas sobretudo às mulheres pobres, que diferente das mulheres ricas (que abortam em caras clínicas, com acompanhamento médico e sigilo), têm grande índice de mortes por hemorragia e são o principal alvo de criminalização.

Mundialmente, a legalização do aborto tem sido o meio mais eficaz de diminuir as mortes das mulheres. Uruguay, nosso vizinho, com forte tradição cristã também, descriminalizou o aborto em 2012. Entre dezembro de 2012 e maio de 2013, não foi registrada a morte de nenhuma mulher que abortou de forma regulamentada no Uruguai.



O levantamento é o maior sobre o assunto no Brasil. Antes, os dados que se dispunham eram imprecisos e coletados somente quando as mulheres tinham alguma complicação e procuravam os hospitais públicos. A elaboração da pesquisa foi antecedida de um amplo levantamento de toda a bibliografia científica sobre o aborto. Depois, foram elaborados os questionários, testados previamente por estudantes da UnB e revisados por quase 20 especialistas de toda a América Latina. “O trabalho envolveu toda a universidade e muitos dos grandes estudiosos do assunto”, explica Marcelo Menezes.
As entrevistas definitivas foram feitas pela Agência Ibope Inteligência, para garantir a imparcialidade do estudo. O método foi responder as perguntas de próprio punho e depositar em uma urna. “Só conseguimos porque garantimos a elas o sigilo”, resume Marcelo. A pesquisa já foi publicada na Revista Ciência & Saúde Coletiva, editada pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/Abrasco.


As restrições não modificam taxas de aborto, entre países que legalizam e países que não legalizarão o aborto o numero de abortos não obteve mudança significativa nem mesmo entre países desenvolvidos ou de 1º mundo e os ditos 3º mundo.

Fontes
http://www.dn.pt/Inicio/interior.aspx?content_id=648190
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/aborto-mata-250-mulheres-por-ano-no-brasil/n1237620888275.html
http://juntos.org.br/2013/09/por-que-o-aborto-deve-ser-legalizado-no-brasil/
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=3404 (Pesquisa da UNB)
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livreto.pdf (compilado com 20 anos de pesquisas sobre aborto no brasil)
https://www.youtube.com/watch?v=_L2EiBDGytY
http://www.cfemea.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=iBaSwvdEbpA
http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2009/10/091013_aborto_pu_np.shtml

Para quem quer links mais reaças ou curiosidades
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/05/entre-35-e-39-anos-de-cada-cinco-brasileiras-uma-ja-fez-aborto.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Freakonomics





sábado, 16 de agosto de 2014

O anarco-"capitalismo" é impossível



Por Anna Morgenstern

Muitos anarquistas de vários tipos tem feito a alegação de que os anarco-capitalistas não são realmente anarquistas porque o anarquismo ocasiona o anti-capitalismo. Acontece que eu penso que isso é o contrário. Se eles desejam genuinamente eliminar o estado, eles são anarquistas, mas eles não são realmente capitalistas, não importa o quanto eles desejam afirmar que são.

As pessoas que se autodenominam de "anarco-capitalistas" normalmente querem definir "capitalismo" como a mesma coisa que um livre mercado, e "socialismo" como intervenção estatal contra tal. Mas então o que é um livre mercado? Se você quiser dizer como simplesmente todas as transações voluntárias que ocorrem sem a interferência estatal, então isso é uma definição circular e redundante. Neste caso, todos os anarquistas são "anarco-capitalistas", até mesmo o mais inflexível anarco-sindicalista.

Definir o anarco-capitalismo como um sistema de propriedade privada é igualmente problemático, porque onde você traçaria a linha entre privado e público? Sob um estado, propriedade estatal é considerado "público", mas como um anarquista, você sabe que isso é uma farsa. É uma propriedade privada pertencente a um grupo que se chama estado. Se algo está pertencido a 10 pessoas ou 10 milhões não o torna mais ou menos "privado".

Indo um pouco mais fundo, pode haver questões sobre como os direitos de propriedade são definidos e a natureza da posse entre diferentes tipos de anarquistas. Obviamente, os anarco-capitalistas não querem o governo para decidir quem irá possuir qual propriedade. Então até o mais dos extremistas do proprietarismo, são ainda efetivamente anarquistas; eles apenas tem uma ideia diferente de como uma sociedade anarquista irá se organizar.

Mas o foco nos objetivos, e penso, é muito mais enfatizado em comunidades anarquistas, às custas de enxergar os meios. Os objetivos, às vezes, levam as pessoas em direção a certos meios, mas são os meios que determinam os resultados, não os objetivos. E se os anarco-capitalistas seguirem meios anarquistas, os resultados serão a anarquia, não algum impossível "anarco-capitalismo".

Anarquia não significa utopia social, significa uma sociedade onde não exista autoridade privilegiada. Ainda haverá males sociais para serem tratados sob a anarquia. Mas a anarquia é um importante passo em direção a lutar contra esses males, sem dar à luz para todos os novos males.

Minha opinião sobre a impossibilidade do anarco-capitalismo, simplesmente, é o seguinte:

  • Sob o anarquismo, acumulação de massa e concentração de capital é impossível.
  • Sem concentração de capital, a escravidão assalariada é impossível.
  • Sem a escravidão assalariada, não haverá muitas pessoas que identificariam como "capitalismo".

A primeira parte disso, de que a acumulação de massa e a concentração de capital é impossível sob o anarquismo, tem vários aspectos.

Um grande problema é que o custo de proteger a propriedade aumenta dramaticamente conforme a quantidade de propriedade possuída aumenta, sem um estado. Isso é algo que raramente é examinado por libertários, mas é crucial.

Um motivo pra isso é que a posse de propriedade em larga escala nunca é toda aglomerada geograficamente. Um bilionário não tem toda a sua propriedade em uma pequena área geográfica. Na verdade, este tipo de propriedade absenteísta é necessário para se tornar um bilionário, em primeiro lugar. Muitos super ricos possuem ações em grandes corporações que tem muitas fábricas, lojas de varejo, escritórios e similares em todo lugar. Deixando de lado se mesmo empresas de capital anônima são possíveis na anarquia, por enquanto, essa dispersão geográfica significa que o custo de proteger toda essa propriedade seria enorme. Não apenas pelo grande número de guardas necessários, mas porque alguém deve pagar esses guardas o suficiente do qual eles não apenas decidam tomar a loja local. Você poderia contratar guardas para vigiar os guardas, mas isso se torna um problema por si só...

Mas a propriedade precisa ser protegida não apenas dos invasores internos, mas da invasão estrangeira também. Vamos imaginar que uma sociedade anarco-capitalista consiga formar, o Ancapistão, se assim desejar. Próximo ao Ancapistão está uma nação capitalista estatista. Vamos chamá-la de Aynrandia. Bem, os aynrandianos decidem "hmm, o Ancapistão precisa de um estado para proteger os seus cidadãos. Nós deveríamos tomá-los e dá-los um, para o seu próprio bem, claro". Neste ponto os bilionários no Ancapistão devem então se render, acolher os aynrandianos e Ancapistão nunca mais ou eles devem levantar um exército privado para repelir os aynrandianos. Não somente a segunda opção seria ridiculamente cara, por razões que eu descrevi antes, mas uma grande quantidade de propriedade será destruída se os aynrandianos decidir empenhar em uma guerra total moderna. Ahh, mas e todas as pessoas da classe média do Ancapistão, eles não formariam uma milícia para se defender? Bem, sim, mas eles não irão formar uma milícia para defender um monte de propriedade de bilionários.

Os anarco-capitalistas geralmente tem um ideia florida absurda do relacionamento entre patrão e trabalhador do qual não se baseia na realidade. Quase ninguém acorda e vai para o trabalho pensando "graças à Deus pelo meu maravilhoso chefe, que foi amável o bastante para empregar um derrotado como eu". Quando a invasão externa chega, a classe média irá defender a si mesma e sua própria propriedade. Mas eles não vão arriscar suas vidas pelo Wal-mart sem ter uma parte disso.

Então, devido ao aumento do custo de proteção da propriedade, chega um nível liminar, onde acumular mais capital se torna economicamente ineficiente, simplesmente em termos de guardar a propriedade. A polícia e a proteção militar é o maior subsídio que o estado dá ao rico. Em certo sentido, os objetivistas estão corretos de que o capitalismo requer um governo para proteger a propriedade privada.

Além do mais, sem um sistema financeiro e bancário protegido pelo estado, acumular lucros sem fim é quase impossível. O estado policial/ militar ajuda a manter os ricos rico, mas é o sistema financeiro que os ajudou a ficar ricos, em primeiro lugar, às custas de todo mundo.

Primeiro, bancos privilegiados pelo estado criam uma oferta limitada de fontes do qual se pode receber serviços bancários. Essa cartelização permite-lhes fugir com uma quantidade relativamente alta de reserva fracionária bancária, em que mais é emprestado do que, na realidade, exista. Por aumentar a oferta monetária em uso de uma maneira unilateral, isso cria uma situação onde pessoas que tomam empréstimos estejam efetivamente roubando de todos os outros. As empresas que financiam a expansão forçam seus concorrentes a fazer isso ou então vão a falência, por meio de licitação o preço dos recursos. Ao aumentar o custo de entrada, isso limita e reduz a quantidade de concorrentes em cada indústria, reduzindo os salários.

E o regime de moeda fiduciária e banco central, por inflacionar constantemente a oferta monetária, destrói a capacidade das pessoas para poupar, portanto os forçando a pedir empréstimos a fim de iniciar ou expandir um negócio, comprar uma casa ou um carro. Literalmente e diretamente concentra a oferta de capital nas mãos de um grupo cada vez menor de pessoas, destruindo poupanças e alimentação do poder aquisitivo para aqueles com taxas de crédito mais altas. Isso reduz os salários e torna as pessoas dependentes daqueles que ainda tem grande quantidade de capital para os contratá-los.

Sob a anarquia, qualquer um poderia emprestar dinheiro para qualquer um, não haveria algo especial conhecido como um "banco" por si só (ou para colocar de um modo diferente, qualquer um poderia levantar um cômodo e dizer "banco"). Sem concorrência legal e capacidade para criar quantidades volumosas de dinheiro do nada (a ameaça de "corrida ao bancos" e/ ou desvalorização de cédulas limitaria isso, de forma efetiva, para um nível muito pequeno, o suficiente para pagar minimamente por si mesmo, no máximo) , a oferta monetária não estaria mais nas mãos de um cartel. O empréstimo se tornaria raro e a poupança seria muito difundida, distribuindo o capital de forma mais ampla, ao invés de forma muito mais estreita, portanto, diluindo o preço do capital. Sob um sistema assim, qualquer mudança na demanda seria atingida por uma vasta gama de concorrentes, conduzindo os lucros de volta à média.

Obviamente, sob o anarquismo, algo como "propriedade intelectual" não existiria, então qualquer modelo de negócio que dependa de patentes e direitos autorais para ganhar dinheiro também não existiria. Isso contribuiria para a diluição que eu mencionei anteriormente.

À medida que o preço do capital é diluído, a quota de produção que vai para os trabalhadores aumenta. O que eventualmente veríamos seria, eventualmente, uma escassez laboral global permanente. As empresas concorreriam por trabalhadores, ao invés do contrário.

O que é provável, a julgar pela história, é que algo como um sindicalismo privado surgiria, onde os donos de propriedade de valor de produção alugariam para organizações de trabalhadores, simplesmente porque seria mais fácil para eles do que tentar contratar pessoas em uma base semi-permanente.

A mineração foi organizada desse modo por um bom tempo, por exemplo, até o advento de empresas de mineração anônimas financiadas por bancos, que comprou a maior parte dos prospectores/ donos no século dezenove.

Então vemos que, mesmo assumindo um regime de propriedade anarco-capitalista, qualquer coisa reconhecível como "capitalismo" para qualquer outra pessoa não poderia existir. Na verdade a sociedade se pareceria muito com o que os "anarco-socialistas" pensam de um "socialismo". Não exatamente assim, mas muito próximo do que qualquer um deles imaginaram como capitalismo.

No entanto, sob o anarquismo, até mesmo tal regime de propriedade estrita não seria garantida. Não existe modo para impô-la em uma comunidade que deseja operar de uma forma diferente. Eu prevejo que haverá lotes de diferentes comunidades e sistemas que irão concorrer para as pessoas viverem neles e, seja o que for que pareça funcionar, a melhor vai tender a se espalhar. Não há nada que os anarco-capitalistas poderiam impedir as pessoas de fazer acordos para tratar a propriedade de uma maneira mais fluida ou comunal do que eles preferirem. Nem há nada no anarco-socialismo que poderia impedir uma comunidade de organizar uma propriedade de uma maneira mais rígida ou individualista do que eles preferirem.


Assim como o anarco-capitalismo é impossível, o anarco-socialismo também é impossível, dependendo de como você defina as coisas. Na realidade, todos nós que se opõem ao estado, como aquela grande ficção do qual algumas pessoas tem um direito especial para fazer coisas de que mais ninguém não tenha, são anarquistas e o que acontecerá sob a anarquia? TUDO.

Traduzido por Rodrigo Viana

Fontes
http://c4ss.org/content/4043